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Insensatez de EUA e Europa são “ameaça global”, afirma Dilma

FLÁVIA MARREIRO
SHEILA D"AMORIM
NATUZA NERY
EDUARDO CUCOLO

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em Lima, que a "insensatez" e a "incapacidade política" dos Estados Unidos e da União Europeia para resolver seus problemas econômicos geram uma "ameaça global".

Em reunião de presidentes de nove países da Unasul (União Sul-Americana de Nações), ela defendeu que os governos do continente acertem uma estratégia comum para enfrentar a crise.

"Esse quadro onde a insensatez é a regra, e a marcha da insensatez parece ser o caminho, só reforça a necessidade de nossa união", afirmou Dilma a presidentes de 9 dos 12 países da Unasul.

Na semana que vem, os ministros da Fazenda e os presidentes dos Bancos Centrais do bloco se reunirão em Lima para discutir medidas conjuntas. Nos dias 10 e 11 de agosto haverá novo encontro, em Buenos Aires.

Ontem, Dilma reclamou do "mar extraordinário de liquidez" que flui de países desenvolvidos aos emergentes em busca de rentabilidade e provocam "desequilíbrio cambial". Também atacou os produtos dos países ricos que "alagam" a região.

"Temos de nos defender do imenso, do fantástico, do extraordinário mar de liquidez que se dirige às nossas economias buscando a rentabilidade que não tem nas suas", disse ela.
"Não podemos incorrer no erro de comprometer tudo que conquistamos (…) pelos efeitos da conjuntura internacional desequilibrada."

Em Brasília, a equipe econômica aposta que a incerteza nos EUA vai se prolongar por muitos meses, mas acredita dispor instrumentos necessários para proteger a economia brasileira.

O governo duvida que o cenário mais catastrófico se materialize, com os americanos dando calote nos credores da sua dívida e disseminando pânico no mercado. Na avaliação da equipe econômica, o cenário mais provável indica o prolongamento do embate político entre o presidente Barack Obama e seus adversários até o ano que vem.

O governo acredita que um dos resultados desse embate será um aperto fiscal rigoroso nos EUA, com reflexos sobre o mundo inteiro.

O Ministério da Fazenda anunciou anteontem pacote de medidas para inibir operações cambiais de caráter especulativo e conter a valorização do real.

O governo se preocupa com os riscos tomados por bancos e empresas que aproveitaram o dólar barato para se endividar captando recursos no exterior e lucrar com a especulação.

A equipe econômica acredita que o país está mais preparado para se defender de um choque externo hoje do que na crise financeira de 2008, e poderá recorrer aos mesmos instrumentos.

Se faltar dinheiro, o governo poderia liberar parte dos R$ 410 bilhões em recursos dos bancos retidos pelo Banco Central. No início da crise de 2008, o BC dispunha de R$ 240 bilhões para usar dessa maneira.

Além disso, o governo tem hoje US$ 344 bilhões em reservas internacionais, volume de recursos 70% maior que o disponível às vésperas da crise de três anos atrás.

O problema é que quase dois terços dessas reservas estão aplicadas em títulos dos EUA, que podem perder valor se Obama não chegar a um acordo com a oposição.


Colaborou ANA FLOR

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