Os Estados Unidos enviaram seus helicópteros de ataque Apache para a batalha de Mossul, uma ofensiva deflagrada pelas forças iraquianas para retomar a segunda maior cidade do Iraque, nas mãos do grupo Estado Islâmico (EI) – informou o Pentágono nesta segunda-feira (7).
Os helicópteros americanos foram usados, sobretudo, em Mossul, para destruir veículos carregados de explosivos que os extremistas suicidas lançaram contra as forças iraquianas, disse hoje o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, acrescentando que a intervenção deu "resultados notáveis".
Esses Apache são relativamente poucos no Iraque (uma dúzia pelo menos), de acordo com as informações divulgadas pelo Pentágono.
Antes de Mossul, esses aparelhos já haviam sido usados, muito ocasionalmente, em operações de combate contra os extremistas, especialmente em junho no vale do Tigre.
Seu uso reflete o crescente nível de risco que o governo de Obama decidiu aceitar no Iraque para derrotar o EI, depois de decidir retirar todas as tropas de combate desse país. Esses helicópteros voam a altitudes mais baixas e são mais lentos do que os aviões de combate, ou bombardeiros. São, portanto, muito mais vulneráveis ao fogo inimigo, o que aumenta, por sua vez, o risco de acidentes.
Estado Islâmico recua ante dupla ofensiva em Raqa e Mossul
As forças árabe-curdas apoiadas pelos Estados Unidos avançavam nesta segunda-feira em direção a Raqa, a "capital" do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, enquanto os extremistas perdiam no Iraque uma cidade-chave ao sul de Mossul.
Como no Iraque, os extremistas lançam ataques surpresa, muitas vezes usando carros-bomba para conter o avanço dos combatentes da operação "Revolta de Eufrates" na estrada de Raqa.
Nesta região desértica no norte da Síria, as forças "avançaram cerca de 12 km a partir da localidade de Suluk (80 km ao norte de Raqa) após violentos combates", indicou nesta segunda-feira à AFP a porta-voz da ofensiva, Jihan Sheikh Ahmad.
"Nós conseguimos apreender armas" do EI "e matamos muitos dos seus combatentes", acrescentou.
Combatentes também avançam a partir de Ayn Issa, 50 km ao norte de Raqa, onde o combatente Chawakh Gharib está ansioso para liberar sua cidade natal dos "opressores" e "infiéis do EI". "O moral está muito bom", assegurou à AFP o jovem de 25 anos.
A operação "Revolta de Eufrates" mobiliza cerca de 30.000 combatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança anti-EI dominada pelos curdos, mas que também inclui árabes e turcomanos.
"A maioria dos combatentes envolvidos na ofensiva eram da província de Raqa, incluindo da cidade", disse a porta-voz.
Eles se beneficiam de um apoio ativo da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que enviou dezenas de conselheiros em terra.
Aviões americanos, franceses ou britânicos também desempenham um grande papel para eliminar veículos suspeitos e posições do EI.
"O EI envia carros-bomba, mas as aeronaves da coalizão e nossas armas anti-tanques limitam sua eficácia", comemora uma autoridade no comando da operação.
Prudência de Washington
Ao elogiar no domingo o início da ofensiva em Raqa, o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, enfatizou que, "como em Mossul", "a batalha não será fácil e o trabalho que se apresenta será difícil".
"A primeira fase será isolar Raqa", cortando as principais vias de comunicação com o exterior, explicou o Centcom, o comando das forças americanas no Oriente Médio.
Washington é cauteloso sobre as consequências da operação devido ao seu contexto geopolítico particularmente sensível em um país mergulhado em uma guerra civil que envolve muitas potências estrangeiras, incluindo a Rússia e a Turquia.
Se Moscou se mantém na retaguarda, este não é o caso de Ancara, que quer se envolver na recuperação de Raqa, localizada a 100 km da fronteira com a Turquia.
Um porta-voz das FDS, Sello Talal, disse no domingo que seu grupo havia concordado com os Estados Unidos sobre o fato de que "não haverá nenhum papel turco e dos rebeldes aliados a eles na ofensiva" para retomar Raqa.
Algumas horas mais tarde, no entanto, Washington afirmou estar em "contato próximo" com Ancara.
Avanço ao sul de Mossul
No Iraque, a ofensiva em Mossul entrou na sua quarta semana com um novo avanço das forças iraquianas na frente sul.
A Polícia Federal, o Exército e as forças de elite do Ministério do Interior tomaram nesta segunda-feira o controle da cidade de Hamam al-Alil, última grande cidade ao sul de Mossul, observaram jornalistas da AFP.
Esta reconquista abre caminho para as forças iraquianas aumentarem a pressão na periferia sul de Mossul, onde estão localizados o aeroporto internacional e uma importante base militar que o exército havia abandonado em junho de 2014, quando o EI assumiu o controle da segunda maior cidade do país.
A nordeste de Mossul, as forças curdas iraquianas, Peshmergas, lançaram nesta segunda-feira um ataque em Bachiqa, cidade localizada perto de uma base controversa, onde as tropas turcas estão implantadas, informou um comandante.
Ancara insiste em desempenhar um papel na ofensiva de Mossul, lançada em 17 de outubro, e conduz ataques de artilharia contra os extremistas a partir da base de Bachiqa.
Dentro de Mossul, as forças iraquianas continuam seu avanço nos distritos do leste, onde o EI resiste fortemente.
"Sete bairros já foram controlados pela forças de contra-terrorismo, que estão eliminando os últimos bolsões de terroristas", informou à AFP Sabah al-Noman, porta-voz dessas forças.
Em Hamam al Alil, uma posição-chave situada a 15 km de Mossul, a polícia iraquiana encontrou uma fossa comum em uma escola agrícola com dezenas de corpos decapitados.