Desertores do Exército da Síria disseram ter lançado uma série de ataques contra instalações militares próximas à capital do país, Damasco, nesta quarta-feira. Em comunicado, o Exército Livre da Síria afirmou que o principal ataque foi contra um complexo usado pelo setor de inteligência da Força Áerea em Harasta, subúrbio de Damasco. Também foram atacadas bases em Douma, Qaboun, Arabeen e Saqba, também na região da capital.
De acordo com testemunhas, o grupo lançou foguetes e disparou com metralhadoras contra o complexo da Força Aérea por volta das 2h30 (horário local). Em seguida, houve troca de tiros e vários helicópteros começaram a sobrevoar a área.
"Escutei várias explosões e o som da troca de tiros de metralhadora", declarou um morador de Harasta, que não quis ser identificado.
O ataque não pôde ser confirmado por fontes independentes, já que o governo sírio impõe restrições ao trabalho da imprensa estrangeira. Em seu comunicado, o Exército Livre da Síria não informou sobre vítimas.
O setor de inteligência da Força Aérea é considerado um dos mais brutais na repressão dos protestos contra o presidente Bashar Al-Assad, que começaram há oito meses. Segundo a ONU, 3,5 mil foram mortos nas manifestações.
Nesta quarta-feira, ativistas disseram que tropas leais a Assad mataram quatro opositores, incluindo três desertores do Exército, na cidade de Hama.
Diante da violência no país, no sábado a Liga Árabe decidiu suspender a Síria das atividades da organização, alertando que o regime de Assad pode enfrentar sanções se não puser fim à repressão sangrenta contra os protestos antigoverno.
A medida deve entrar em vigor nesta quarta-feira, após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe em Rabat. O regime sírio não participará do encontro.
Segundo o chanceler do Catar, Hamad bin Jassim al-Thani, a decisão se deve ao descumprimento pela Síria de acordo feito com a Liga Árabe, que previa que o regime acabasse com a violência envolvendo forças de segurança e manifestantes civis que protestam desde março. "Não houve uma resposta total e imediata da Síria ao plano árabe."
A Liga pediu "sanções econômicas e políticas contra o poder sírio" por sua negativa de aplicar o plano de saída da crise apresentado pela organização dos Estados árabes, disse.
Com Reuters, AP e EFE