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Governos latino-americanos veem jornalistas como inimigos, segundo ONG

A ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC, na sigla em inglês) denunciou nesta quarta-feira em Genebra os abusos dos quais a imprensa é vítima na América Latina, onde inúmeros governos "tentam instrumentalizar o jornalismo independente para apresentá-lo como seu novo inimigo interno".

A PEC indica em um relatório sobre a situação da imprensa em 2011 que tanto as forças de segurança do Estado como os grupos armados ilegais exerceram violência contra jornalistas, especialmente na América Latina.

A região concentrou 33% dos assassinatos de jornalistas no ano passado, com 35 mortes de um total de 107.

Em inúmeros países latino-americanos "cada vez mais meios de comunicação estão passando para as mãos do Estado", o que gera "uma estrutura midiática na qual os governos não precisam prestar contas", lamenta a ONG.

Com relação aos assassinatos de comunicadores por países, foram contabilizados "ao menos" 12 no México, seis em Honduras e Brasil, três no Peru e um na Bolívia, Colômbia, Guatemala, Haiti, Panamá, República Dominicana, El Salvador e Venezuela.

No México foi denunciado desde 2003 o desaparecimento de 18 jornalistas, mas só foram encontrados os corpos de quatro, e em 2011 houve quatro sequestros nos quais não foi pedido dinheiro, mas a difusão de vídeos.

O relatório evidencia que a violência contra os jornalistas "tem aspecto de guerra" neste país, já que ocorreram ataques contra sedes de meios de comunicação nos quais foram utilizadas inclusive granadas de fragmentação.

No caso de Honduras existe a evidência "irrefutável" de pelo menos 28 casos de atentados contra a imprensa no ano passado, em meio a uma "impunidade escandalosa", denúncia a PEC.

O Brasil é outro dos países que concentra casos de ataques a jornalistas, com seis homicídios, duas tentativas de assassinato, duas detenções, oito agressões físicas e três de censura judicial.

Na Venezuela, foram registradas no ano passado 113 agressões diretas contra a imprensa, as autoridades embargaram 34 rádios e três jornalistas foram declarados "alvo militar" por um grupo considerado pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) "simpático ao governo".

A PEC é uma organização civil que pede a instauração de uma insígnia que identifique e proteja os jornalistas em situações de conflito, seguindo o modelo utilizado pela Cruz Vermelha.

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