Paris suspeita de uma manipulação das autoridades sírias no caso da morte do jornalista Gilles Jacquier, do canal público France 2, vítima de um obus na quarta-feira, em Homs (centro), afirma nesta sexta-feira o jornal Le Figaro, que cita uma fonte ligada ao presidente francês Nicolas Sarkozy.
"Nós nos inclinamos por uma manipulação", indica a fonte ao jornal, que reconhece que não há provas neste sentido até o momento. "Os dirigentes sírios eram os únicos que sabiam que um grupo de jornalistas ocidentais visitava Homns naquele dia e em que bairro se encontravam", explica a fonte ao Le Figaro. "Podemos crer num acidente infeliz. Mas interessa a um regime que quer desanimar os jornalistas estrangeiros e demonizar a rebelião".
As autoridades sírias prometeram formar uma comissão para investigar a morte do jornalista francês, assim como de oito cidadãos sírios.
O governador de Homs ordenou "a formação de uma comissão para investigar as circunstâncias do ataque terrorista que custou a vida do jornalista francês e de oito sírios", indicou a agência Sana. Farão parte desta comissão um juiz, o chefe da segurança da cidade de Homs, dois especialistas em balística e um representante do canal de televisão France 2, para o qual trabalhava Gilles Jacquier, o francês morto.
Jacquier morreu na quarta-feira, junto com os oito sírios, quando realizava uma reportagem em Homs. Várias pessoas ficaram feridas no ataque.
Um fotógrafo da AFP no local confirmou que um obus caiu onde alguns jornalistas estavam realizando reportagens sobre esta cidade, bastião do movimento opositor sírio.
O grupo de jornalistas foi a Homs em uma viagem autorizada pelo governo sírio, que limita a circulação dos meios de comunicação estrangeiros no país.
Jacquier é o primeiro jornalista ocidental morto na Síria desde o início do movimento de insurgência contra o regime, em 15 de março.