Tropas francesas tomaram ontem o aeroporto da maior cidade da Costa do Marfim (oeste africano), Abidjã.
Segundo o governo francês, o objetivo é garantir que aviões possam retirar os estrangeiros do país, que está sob violentos confrontos.
Um conselheiro do presidente Laurent Gbagbo, Toussaint Alain, condenou a ocupação do aeroporto de um "país soberano", com a França "se pondo a serviço de uma rebelião, criando uma coalizão de mercenários e de soldados europeus".
Gbagbo foi vencido nas últimas eleições no país, mas se recusa a sair do poder.
A ONU acusou ontem as tropas do presidente eleito Alassane Ouattara de terem matado por volta de 800 pessoas -até então, já se sabia das mortes, mas ainda não estava claro quem era o responsável por elas.
As tropas de Ouattara negam as proporções do massacre, dizendo que ocorreram "apenas" 152 mortes.
As Nações Unidas estão tentando proteger seus 200 funcionários no país, deslocando-os para longe dos principais palcos do conflito entre as forças de Gbagbo e Ouattara. Funcionários do governo francês disseram que o país cogita retirar seus cidadãos da Costa do Marfim -o problema é que são 12 mil, um número expressivo.
O país europeu, do qual a Costa do Marfim era uma colônia até 1960, já está protegendo mais de mil estrangeiros em um acampamento militar próximo ao aeroporto ocupado. Segundo a França, um terço deles são franceses.
Uma ocupação rápida do aeroporto e a criação desse acampamento foram possíveis porque a França mantém mais de mil homens na Costa do Marfim mesmo em tempos de paz, e agora mandou mais 300 ao país.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, pediu que Gbagbo deixe o poder imediatamente. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou posição parecida.
Ouattara é reconhecido internacionalmente como presidente da Costa do Marfim. As eleições vencidas por ele aconteceram em novembro.