Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet
Alexandre Beraldi
Consultor Técnico
A Marinha do Brasil (MB) realizou, no período de 2 de março a 11 de abril, na cidade do Rio de Janeiro, um Treinamento Conjunto de Operações Especiais (Joint Combined Exchange Training – JCET), com a participação de equipe da Marinha dos Estados Unidos da América e com o Departamento da Polícia Federal.
Pela US Navy participaram os “US Navy Sea, Air and Land”, mais conhecidos pela sigla SEALs. Não é a primeira vez que os SEALs, Forças Especiais da US Navy, vêm ao Brasil para treinamento. Na Copa do Mundo, em 2014 também realizaram um JCET com os GRUMEC.
Pela Marinha do Brasil participaram o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais. Possivelmente membros do Grupo Especial de Retomada e Resgate, do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GERR-MEC). E também participaram agentes do Comando de Operações Táticas do Departamento de Polícia Federal.
DefesaNet não tem conhecimento se o Comando das Forças Especiais do Exército e a FAB participaram do treinamento.
A operação foi composta por três fases:
1 – preparação;
2 – adestramento, e,
3 – exercícios de contraterrorismo.
Os treinamentos foram realizados na sede do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), localizado na Ilha de Mocanguê, Niterói; na Cidade da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, na comunidade do Jacaré; e na área marítima localizada no interior da Baía de Guanabara.
As fases de adestramento e exercícios aconteceram de 7 de março a 11 de abril, quando foram executados diversos exercícios de Operações Especiais de Contraterrorismo, como combate em ambiente confinado e abordagens em embarcações.
A operação contribui para a atualização de procedimentos e a troca de experiências entre as equipes, visando à preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
O motivo deste treinamento é que será uma novidade para muitos, pois algumas delegações ficarão hospedadas em transatlânticos ou ancorados ou ao longo da costa do Rio de Janeiro.
A delegação de basquete dos Estados Unidos (Basketball Dream Team) estará no transatlântico Silver Cloud. A empresa Norwegian Cruise Line (NCL) confirmou o aluguel do cruzeiro Norwegian Getaway, onde ficarão membros do Comitê Olímpico.
A janela aberta para a imprensa, no dia 29 de março, foi rápida, e não permitiu uma interação com os membros dos três Grupos de FEs em treinamento.
A sessão de fotografias foi tirada no Navio de Socorro Submarino “Felinto Perry”, que estava atracado na Base Almirante Castro e Silva (BACS), situada na Ilha de Mocanguê Grande, em Niterói-RJ.
As Forças
GRUMEC – Grupamento de Mergulhadores de Combate e o Grupo Especial de Retomada e Resgate, do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GERR-MEC)
Segundo o Comando de Operações Navais (CON), o Grupo Especial de Retomada e Resgate, do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GERR-MEC) é um grupo com doutrina de ação consolidada, com domínio de diversas técnicas empregadas em ações de neutralização de elementos criminosos, militantes de organizações extremistas, ativistas ou indivíduos mentalmente perturbados, e para resgate de reféns.
O GERR-MEC deverá ser empregado para ações cujo esforço principal seja desenvolvido em meio aquoso (navio ou plataforma de petróleo) e será considerado como o último a ser empregado.
O Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) ou Mecs como gostam de serem chamados foi criado nos anos 70 pela Marinha do Brasil.
Ver matéria especial:
Grupamento de Mergulhadores de Combate – Conheça como trabalham as Forças Especiais da Armada DefesaNet 2010 – 2013 Link
SEALs – US Navy Sea, Air and Land
Os SEALs são uma das principais forças de operações especiais da US Navy e parte do Comando Naval de Operações Especiais (NSWC) bem como também um componente marítimo do Comando de Operações Especiais (USSOC).
A sigla da unidade é derivada de sua capacidade em operar no mar (sea), no ar (air) e em terra (land). Na Guerra ao Terror (Iraque e Afeganistão), os SEALs foram utilizados quase exclusivamente em operações terrestres, incluindo ação direta, resgate de reféns, antiterrorismo, reconhecimento especial, guerra não-convencional e operações de defesa interna e externa.
Os SEALs originaram-se durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Marinha dos Estados Unidos percebeu a necessidade de treinar soldados para realizar o reconhecimento de praias de desembarque, reportar os obstáculos e defesas, e, finalmente, orientar as forças terrestres no desembarque.
Comando de Operações Táticas (COT) – Departamento da Polícia Federal
A tropa de elite da Polícia Federal, Comando de Operações Táticas (COT), foi criada em 1987 para combater o terrorismo, mas poderá agir na Olímpiada em praticamente qualquer situação – mas apenas como último recurso.
Com uma média de 110 operações por ano, o COT é formado por menos de 100 policiais treinados à exaustão para atuar em situações que vão do desarme de bombas e resgate de reféns até assalto a bancos, prisão de traficantes internacionais e operações de reintegração de terras indígenas (como prova do seu currículo diversificado, o COT registra ainda a solução de três sequestros de aeronaves).
Para candidatar-se a um lugar no COT, basta pertencer aos quadros da Polícia Federal e se dispor a passar por um curso de 18 semanas. Nele, os candidatos recebem um número, um uniforme e têm cabeça raspada. São levados a LINs (sigla para "local incerto e não identificado"), onde passam por treinamentos de operações aéreas, anfíbias, ribeirinhas e aprendem técnicas para pilotar e parar um trem, por exemplo. A privação de sono e de alimentação faz parte do treinamento. Mais da metade dos candidatos não chega ao fim do curso.
DefesaNet, solicitou ao especialista Alexandre Beraldi uma descrição dos equipamentos usados pelos 3 grupos e vejam o Estado da Arte em equipamentos para Forças Especiais.
Analisamos os seguintes equipamentos:
1 – Armas Pesadas – Fuzis
2 – Armas Leves – Pistolas
3 – Acessórios
1 – Armas Pesadas – Fuzis
A – HK416A3 – Fuzil de origem alemã Heckler & Koch. Usado pelos GRUMEC e COT
A Delta Force (Força Delta), unidade de Forças Especiais do US Army colaborou com a empresa alemã Heckler & Koch, no desenvolvimento do novo fuzil, no início dos anos 90. Incorporando o conhecimento e experiência com o Fuzil de Assalto da Bundeswehr G36, o projeto do Fuzil XM-8, do US Army, cancelado posteriormente em 2005, e a modernização da Família de Armas SA80 do Exército Britânico.
A Delta Force incorporou o HK416, em 2004, substituindo o Colt M4. Nos testes o sistema HK mostrou-se superior e reduzindo em muito as falhas de operação e ao mesmo tempo aumentando a vida útil dos componentes.
O US Army testou o Fuzil HK416 assim como várias unidades Especiais de Polícia (SWAT). Foi adotado como fuzil padrão pelas Forças Armadas da Noruega.
Uma versão modificada foi testada pelo US Marine Corps sendo chamada de M27 Infantry Automatic Rifle substituindo a M249 Squad Automatic Weapon, O US Marine Corps está comprando mais de 10.000 fuzis HK416.
O Fuzil HK416 se caracteriza pela alta durabilidade e operação entre falhas. Seu tubo de aço forjado a frio alcança uma vida útil de 20.000 disparos. Em testes realizados na HK foram obtidas marcas de Fuzis HK416 disparando mais de 10.000 tiros sem falhas.
Detalhes Técnicos
Peso 2,9 kg – 3,8kg Variando na versão
Munição 5,56×45mm NATO
Cadência de Tiros 700–900 tiros/min
Velocidade Inicial 788 m/s a 917 m/s (variando na versão)
Alcance efetivo 500 m
Carregador 20 a 30 munições padrão OTAN
B – Colt Mk18CQB usado pelos SEALs
O Fuzil M-16 e o M4 não eram adequados para operar em espaços confinados, e desde o interior de viaturas.
O Close Quarter Battle Receiver (CQBR) é a substituição do Fuzil M4A1, e foi desenvolvido pela US Navy. O cano mais curto do CQBR, com 262 mm comprimento, o torna um equivalente do M-16 cano curto chamados de Colt Commando. O cano mais curto e menor comprimento o tornam ideal para operar em áreas confinadas.
Detalhes Técnicos
Peso 2,72 kg
Comprimento 762 mm com coronha extendida
679.4 mm coronha recolhida
Tubo Comprimento 262 mm
Munição 5,56×45mm NATO
Velociade Inicial V0 788 m/s
Alcance efetivo 300 m
Carregador 20 ou 30 padrão OTAN
2 – Pistolas
A – TAURUS PT 809 – Usada pelos GRUMEC.
Calibre 9 mm Luger
Chassi Polímero
Carregador 17+1 munições
Peso 0,800 Kg (?)
B – GLOCK G17 G3 – Usada pelo COT
Calibre 9 x 19
Chassi Polímero
Carregador 17 munições
Peso 0,91 Kg carregada
C – SIG SAUER P226 Mk25 Usada pelos SEALs
Calibre 9 mm
Corpo Duralumínio
Carregador 15 Munições
Peso 0,975kg c/ carregador
Nota – Em Dezembro 2015 foi anunciado que os SEALs passariam a usar a Glock 19 9mm.
XX
GRUMEC com capacete Ops-Core equipado com IR Beacon MS2000 e câmera GoPro, armado com uma pistola Taurus PT-809 e fuzil HK416A3 equipado com mira ACOG TA01NSN. Observar a Combat Shirt com camuflagem da MB, para uso sob o colete Foto – DefesaNet
3 – Acessórios
A – Miras
– GRUMEC: Mira EO Tech 552 e Trijicon ACOG TA01NSN
– SEAL: Mira Holográfica EO Tech 553
– COT: Mira Holográfica EO Tech XPS-3, luneta 3x e mira multiespectral DBAL A3
Nota – Novamente as empresas americanas dominam. Ver o vídeo abaixo sobre a Mira Espectral DBAL da Steiner Optics. Aqui temos uma empresa alemã, mas que produz nos EUA.
B – Faca Gerber LMFD II – produzida pela empresa americana Gerber, localizada em Portland Oregon EUA. A marca Gerber tornou-se padrão para forças especiais.
C – Capacete Ops-Core– As 3 Forças usam capacetes Ops-Core. Empresa americana fundada, em 2005, tornou-se o padrão em capacetes para Forças Especiais. Está localizada em Boston. Em 2012 foi adquirida pela GENTEX, empresa especializada em proteção, com mais de 1.5 milhão de capacetes vendidos. Porém, suas operações permanecem sob a liderança de seus fundadores David e Viktoria Rogers.
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Foto – DefesaNet
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