Bloquear o estreito de Ormuz, no Golfo, a petroleiros será "mais fácil que beber um copo de água" para o Irã se o país considerar a ação necessária, disse o mais alto comandante naval iraniano à televisão estatal nesta quarta-feira, aumentando assim os temores sobre a mais importante rota de passagem do produto no mundo.
"Fechar o estreito de Ormuz é realmente muito fácil para as forças armadas do Irã … ou, como os iranianos dizem, será mais fácil que beber um copo de água", disse Habibollah Sayyari à emissora iraniana de língua inglesa Press TV.
"Mas, neste momento, não precisamos fechá-lo, já que temos o Mar de Omã sob controle, e podemos controlar o trânsito", disse Sayyari, que está no comando de dez dias de manobras militares iranianas em Ormuz.
Pouco depois, a França fez um chamado ao Irã para que respeite a lei internacional permitindo a liberdade de navegação no estreito de Ormuz.
"Nós pedimos às autoridades iranianas que respeitem a lei internacional e, em particular, a liberdade de navegação em águas internacionais e estreitos", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Bernard Valero, em seu comunicado online, parte de um serviço regular noticioso do órgão.
"O estreito de Ormuz é um estreito internacional. Como resultado, todos os navios, não importa sua nacionalidade, se beneficiam do direito de trânsito, em linha com a Convenção das Nações Unidas de 1982 sobre a Lei do Mar e a aduana marítima internacional", acrescentou.
A tensão entre o governo iraniano e o Ocidente aumentou porque ministros de Relações Exteriores da União Europeia decidiram, há três semanas, ampliar as sanções contra o Irã depois que um relatório da agência nuclear da ONU afirmou que o país está tentando fabricar uma bomba atômica.
A UE deixou no ar a possibilidade de adotar um embargo ao petróleo do Irã, quinto maior exportador mundial do produto. No entanto, o governo iraniano diz que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos.
Na terça-feira o Irã advertiu o Ocidente de que iria interromper o fluxo de petróleo pelo estreito de Ormuz se forem impostas sanções às suas exportações do produto.
O anúncio sobre a possibilidade de fechamento do único canal de acesso a oito Estados do Golfo Arábico aliados dos Estados Unidos impulsionou os preços do petróleo na terça-feira, embora os valores tenham recuado nesta quarta-feira por causa dos fracos negócios e pelo fato de o mercado ter interpretado as ameaças como retórica.
"A ameaça do Irã de fechar o estreito de Ormuz afetou o mercado de petróleo ontem, mas o efeito está esmorecendo hoje. Provavelmente são ameaças infundadas porque eles não podem interromper o fluxo por um longo período, tendo em vista o enorme contingente dos EUA na área", disse o analista de petróleo Thorbjoern bak Jensen, da Global Risk Management.