O governo da Colômbia informou neste sábado que quatro reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), todos militares, foram executados pela guerrilha durante uma operação de resgate empreendida pelas autoridades do país.
A execução, na localidade de Curillo, no departamento (província) de Caquetá, ocorre três semanas após a morte do líder das Farc, Alfonso Cano.
Em uma entrevista à imprensa colombiana, o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, disse que os corpos foram encontrados na manhã deste sábado, durante uma operação de resgate do Exército na selva.
Segundo o ministro, três dos reféns foram executados com "tiro de misericórdia" na cabeça e um deles com disparos nas costas. No local haviam correntes.
O ministro não divulgou os nomes dos refens, mas informações vazadas extraoficialmente e veiculadas pela imprensa colombiana apontam que os mortos seriam os policiais Elkin Rivas e Edgar Duarte, ambos sequestrados em 1998, e Alvaro Moreno, capturado em 1999, além do sargento do Exército Libio José Martinez, refém desde 1997.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, deu os pêsames aos familiares das vítimas e disse que a execução "é mais uma demonstração da crueldade das Farc".
Santos disse que as Farc são as "únicas responsáveis" pelas mortes.
"É um crime atroz que merece a condenação de todo o país e de toda a comunidade internacional", disse.
Cano e Timochenko
A execução das Farc ocorre três semanas após a guerrilha sofrer um duro golpe, com a morte de seu líder, Alfonso Cano, pelas forças do governo.
Cano foi substituído por Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko. Em sua primeira mensagem como novo líder das Farc ele afirmou que "todos terão de morrer" para que se dê a guerrilha como vencida.
Estima-se que oito mil reféns estejam em poder das Farc no interior da selva colombiana. A mais famosa refém foi Ingrid Betancourt, ex-senadora e ex-candidata à presidência, resgatada em 2008.
As Farc têm sofrido fortes revezes nos últimos anos, com o avanço do Exército colombiano sobre acampamentos da guerrilha de inspiração marxista, que há quatro décadas atua na selva colombiana.
Em 2008, o número dois da guerrilha, Raul Reyes, foi morto em uma operação não autorizada do Exército colombiano na selva do Equador. O episódio estremeceu a relação entre os dois países.
No mesmo ano, outro alto integrante das Farc, Manuel Marulanda, conhecido como Tiro Fijo (Tiro Certeiro), morreu de causas naturais.
Revolta dos colombianos
O anúncio da morte de quatro reféns que estavam em poder das Farc (Forças Revolucionárias da Colômbia) revoltou os colombianos que, neste domingo, manifestaram-se em redes sociais como o Twitter e o Facebook para divulgar a realização de uma grande marcha nacional contra o grupo armado no próximo dia 6 de dezembro.
Desde o sábado à noite, quando o governo noticiou o assassinato, pelas Farc, dos prisioneiros militares Libio José Martínez e Édgar Yesid Duarte, Elkín Hernández Rivas e Álvaro Moreno, as redes sociais começaram a ser usadas para expressar repúdio às Farc e solidariedade aos familiares das vítimas, todas sequestradas há mais de uma década.
Apesar da mobilização, ele acredita que as manifestações têm pouco efeito no sentido de agilizar uma negociação mais efetiva entre governo e guerrilha.
"Estamos em uma fase tensa do conflito, especialmente pela morte de Alfonso Cano (executado pelo Exército no começo de novembro). Por isso, mesmo que os protestos não exerçam pressão sobre as Farc, eles servem de termômetro para ver o quanto a população rejeita a ação da guerrilha", analisa.
Segundo Pastrana, "o problema é que com este tipo de reação, as Farc voltam a cometer crimes de lesa-humanidade e de guerra, o que torna difícil o diálogo futuro por qualquer tipo de anistia”.