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Farc atacam um dia antes de negociação

À véspera da retomada da negociação de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a Colômbia recebe mais um sinal de que a conversação está longe de ser algo tranquilo. Ontem, enquanto familiares de desaparecidos participavam de um encontro de vítimas das Farc na Praça Bolívar, em Bogotá, os integrantes da organização derrubaram duas torres de energias em Tibú e investiram com armamentos na mesma região, que faz fronteira com a Venezuela.

Casas das cidades Petrólea, Campo Dos e La Gabarra ficaram sem energia, de acordo com o jornal local El país. Segundo o comandante da polícia do departamento, coronel Jorge Eliécer, os ataques foram perpetrados pela frente 33 das Farc. Autoridades locais tiveram que garantir a segurança dos trabalhadores da empresa de energia elétrica para que o serviço fosse restabelecido na região.

Em uma via que une o povoado de Ocanã à cidade de Cúcuta, foram instalados cilindros explosivos pelos guerrilheiros. Grupos de insurgentes ainda entraram em confronto com o exército colombiano em Catatumbo. O vice-presidente do país, Angelino Gárzon, criticou a violência e pediu à guerrilha que “respeite a população civil”. Um dos organizadores do encontro de vítimas das Farc em Bogotá, o jornalista colombiano Herbin Hoyos confirmou à agência Efe que “as interrupções armadas em diversas áreas do país impediram a chegada de camponeses à capital”.

Pedidos de libertação

Na Praça Bolívar, dezenas de pessoas se reuniram para exigir que os guerrilheiros indiquem onde estão os parentes sequestrados. “Vivo me levaram, vivo têm que me entregar porque ele é o filho do amor e da esperança”, afirmou, ao jornal espanhol El País, Vladimiro Bayona, pai de Alexander Bayona, que teria sido sequestrado em 2000. Porta-vozes das Farc em Havana, no entanto, voltaram a afirmar que não há reféns sob o poder das forças.

“Se as Farc estão dizendo que não têm sequestrados, passaram a um nível muito mais elevado de crueldade: assassinaram todos eles”, opinou Hoyos, ao El País. Cerca de 100 funcionários da corte colombiana foram à praça para ouvir as queixas dos manifestantes. Mesmo com a pressão, pesquisa do Instituto Ipsos indica que 23% da população é contra a negociação com os guerrilheiros e 67% afirmam não aceitar que eles saiam impunes dos crimes.

 As negociações de paz começam hoje, em Oslo, na Noruega. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, está na cidade e busca o cessar-fogo bilateral após a assinatura de um acordo final, pervisto para quarta-feira, dia 17. Foram nomeadas como interlocutores do governo, entre outras pessoas, a ex-parlamentar Aida Abella e o diretor da Fundação Arco-Íris (organização não governamental), Leon Valencia.

Pelas Farc participarão da negociação Marcos Leon Calarcá, um dos membros da guerrilha, e Ivan Márquez, líder negociador do grupo. Mediarão o acordo autoridades norueguesas, cubanas, venezuelanas e chilenas. O conflito entre o governo e as Farc dura quase meio século. Segundo especialistas, um acordo de paz antes da eleição presidencial de 2014 poderia garantir um segundo mandato a Santos, que já foi ministro da Defesa do país.

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