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Ex-líder soviético adverte sobre guerra na Europa por Ucrânia

O ex-líder soviético Mikhail Gorbachev alertou que as tensões entre a Rússia e as potências da Europa pela crise na Ucrânia poderiam causar uma grande guerra ou conflito nuclear, de acordo com uma entrevista que será publicada no sábado por uma revista alemã.

"Um conflito deste tipo inevitavelmente levará a uma guerra nuclear", disse o Prêmio Nobel da Paz de 1990 à revista Der Spiegel, de acordo com trechos divulgados nesta sexta-feira.

"Não sobreviveremos aos próximos anos se alguém perder a compostura nesta situação acalorada", disse Gorbachev, de 83 anos. "Isso não é algo que eu esteja dizendo sem pensar. Estou extremamente preocupado", disse ele.

As tensões entre a Rússia e potências ocidentais foram desencadeadas após separatistas pró-russos tomarem o controle de grandes áreas do leste da Ucrânia e o governo russo anexar a península da Crimeia no ano passado.

Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia acusam a Rússia de enviar armas e tropas ao leste da Ucrânia para apoiar a rebelião separatista e impuseram sanções severas contra Moscou.

A Rússia nega que esteja fornecendo apoio militar aos rebeldes e se defende das críticas do Ocidente pela anexação da Crimeia, alegando que moradores da região votaram para se juntar ao território russo num referendo.

Gorbachev, que é muito admirado na Alemanha por seu papel na queda do Muro de Berlim e os passos que levaram à reunificação em 1990, alertou contra a intervenção ocidental na crise da Ucrânia.

"A nova Alemanha quer intervir em todos os lugares", disse ele na entrevista. "Na Alemanha, obviamente, muitas pessoas querem ajudar a criar uma nova divisão na Europa", afirmou.

O ex-líder, cuja "perestroika", ou política de reestruturação, ajudou a acabar com a Guerra Fria, já havia alertado para um novo confronto entre a Rússia e o Ocidente com possíveis consequências devastadoras se as tensões que cercam o conflito ucraniano não diminuírem.

A disputa diplomática pela Ucrânia é a pior entre Moscou e potências ocidentais desde o fim da Guerra Fria há mais de duas décadas.

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