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EUA vão permitir mulheres no front

O discurso de igualdade defendido na posse do segundo mandato do presidente dos EUA, Barack Obama, deve se estender também às Forças Armadas do país. Está previsto para hoje um anúncio oficial do governo americano que acaba com a proibição de que mulheres atuem na linha de frente de unidades de combate direto.

A medida atende a anos de apelos por um serviço militar mais inclusivo, e acontece menos de um ano e meio depois do fim da proibição de declaração de homossexualidade ("Dont ask, dont tell") nas Forças Armadas. Trata-se ainda de um aceno à abertura de milhares de novos postos na frente de combate e em comandos de elite para as mulheres americanas – que, não é de hoje, vêm aumentando sua presença nas fileiras militares.

A ação recomendada pelo secretário de Defesa Leon Panetta – que deixará o cargo assim que seu sucessor, Chuck Hagel, for aprovado pelo Senado – derruba uma regra de 1994 pela qual as mulheres não poderiam ser designadas a unidades terrestres de combate. A nova determinação deixa às diferentes Forças Armadas a responsabilidade de desenvolver um plano de incorporação das mulheres a esses postos. Caberá às Forças também, até janeiro de 2016, determinar exceções caso acreditem que certos cargos deveriam permanecer fechados para elas.

Na prática, as americanas nunca estiveram tão à frente nas linhas de combate. Embora representem apenas 14% dos militares da ativa, já servem no Iraque e no Afeganistão – 280 mil delas serviram nesses confrontos, e 152 foram mortas, segundo o Departamento de Defesa.

O Departamento de Defesa já tinha dado indicações de que expandiria as oportunidades para as mulheres. Em fevereiro do ano passado, o Pentágono anunciou que abriria 14 mil postos de combate para elas. Mas outros 238 mil cargos – cerca de um quinto do serviço militar ativo – continuaram fora do alcance feminino.

Grupos de veteranas afirmam que mesmo que o número de mulheres que poderiam se beneficiar da medida seja pequeno, ter essa opção é um grande passo. A medida foi endossada por Carl Levin, presidente da Comissão de Serviços Armados.
– Eu apoio. Isso reflete a realidade das operações militares no século XXI – declarou o senador, segundo o "Washington Post".

Hillary assume erros

Enquanto o governo americano acenava com uma maior inclusão das mulheres nas Forças Armadas, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, enfrentava uma batalha no Congresso. Ela depôs ontem à Comissão de Relações Exteriores do Senado e assumiu a responsabilidade sobre os erros de seu departamento que antecederam um ataque ocorrido contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, em 11 de setembro de 2012. No atentado morreram quatro americanos, entre eles o embaixador Christopher Stevens.

Em uma jornada movimentada em sua provável última sessão no Capitólio como secretária de Estado, Hillary classificou o incidente – o primeiro em que um embaixador americano foi morto desde 1988 – como parte de uma longa história de violência e resultado da instabilidade regional desde a eclosão das revoluções populares da Primavera Árabe, em 2011.

O depoimento aconteceu mais de um mês depois do previsto, devido a complicações de saúde enfrentadas por Hillary. Na sessão, ela alternou momentos emotivos ao lembrar a atenção dedicada aos familiares das vítimas, e outros bastante enérgicos, em resposta às duras críticas recebidas de republicanos.

O senador Bob Corker afirmou que o ataque em Benghazi refletia um "despreparo lamentável" do governo. Já o senador Rand Paul foi direto:

– Se eu fosse o presidente na época, você teria sido demitida do cargo. Isso é indesculpável – enfatizou.

Hillary reagiu com raiva e defendeu a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, que foi criticada por declarar cinco dias após o ataque que ele teria sido causado por um protesto, e não por terrorismo – e perdeu a oportunidade de suceder Hillary no cargo, que caberá agora ao senador John Kerry.

– O fato é que tivemos quatro americanos mortos. Foi por um protesto? Ou porque os rapazes saíram uma noite e decidiram matar alguns americanos? Que diferença faz a essas alturas? – questionou.
Hillary prometeu trabalhar para investigar o caso e deixar o Departamento de Estado e o país "mais seguros e fortes".

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