A Casa Branca rejeitou nesta quarta-feira qualquer modificação em seus planos de instalar o escudo antimísseis da Otan na Europa, e negou que isso implique uma ameaça para a Rússia, depois de uma advertência formal do presidente desse país, Dmitri Medvedev.
"Os sistemas antimísseis cuja instalação está prevista na Europa não ameaçam, e não podem ameaçar, a dissuasão estratégica da Rússia", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Tommy Vietor. "Não modificaremos nem limitaremos de nenhuma forma nossos projetos de mobilização", completou.
Rússia
Por meio de seu embaixador na Otan, Dmitri Rogozin, a Rússia acusou nesta quarta-feira os Estados Unidos de romper o equilíbrio estratégico no mundo com o desenvolvimento do escudo antimísseis na Europa. "Trata-se da tentativa dos EUA de deixar o equilíbrio estratégico e se dotar de um potencial único para a invulnerabilidade absoluta, ou seja, a impunidade", afirmou Rogozin em entrevista coletiva.
O embaixador ressaltou que Moscou e Washington divergem unicamente em relação ao "fator Europa" do escudo americano, e não ao desenvolvimento de foguetes interceptores no Alasca e em navios próximos ao litoral do Japão, o que inquieta a China. A Rússia também não acredita nas promessas dos EUA de que sua presença no mar Báltico e no mar de Barents seja provisória: "Sabemos que não há nada mais permanente do que o provisório", disse o diplomata russo.
Rogozin ressaltou que o anúncio feito nesta quarta pelo presidente russo, Dmitri Medvedev, em relação ao escudo americano, é uma resposta à recusa de Washington em oferecer garantias jurídicas de que o sistema não estará voltado contra a Rússia. "Precisamos de compromissos por escrito, reforçados com documentos ratificados, ou seja, algum tipo de acordo que supere uma votação parlamentar", disse Rogozin.
O diplomata afirmou que o plano revelado nesta quarta pelo chefe do Kremlin – de colocar em operação um radar de alerta adiantado contra mísseis em Kaliningrado – se adaptará aos passos que os Estados Unidos darão nos próximos meses em relação ao escudo antimísseis. "Se nossos parceiros norte-americanos não romperem o equilíbrio estratégico, algumas medidas (…) podem não ser aplicadas. Se o plano americano for colocado em prática, então tudo o que Medvedev anunciou será realizado do princípio ao final", explicou o embaixador.
Além disso, Rogozin negou que as medidas anunciadas por Medvedev representem o início de uma nova corrida armamentista entre as duas potências nucleares, e destacou que estas serão "assimétricas e econômicas", por isso não exigirão um aumento da despesa militar.
"Temos a ordem do presidente da Rússia de continuar as consultas com nossos parceiros e aliados norte-americanos até o momento em que os EUA cruzarem o ponto de não retorno", declarou.
Rogozin, que negou também que a declaração de Medvedev tenha uma conotação eleitoral devido à proximidade do pleito parlamentar, refutou que a Rússia tenha planos de dispor de mísseis em Belarus.
Com agências: AFP/EFE