O comando militar dos Estados Unidos na África (Africom) reconheceu erros no treinamento das tropas malinesas, com as quais colaboraram nos últimos anos, e que agora lutam contra os radicais islâmicos no norte do Mali.
Em uma conferência no Centro de Relações Internacionais Ralph J. Bunche da Universidade Howard em Washington, que ministra um reconhecido programa de estudos africanos, o general Carter Ham, comandante do Africom, reconheceu que no treinamento faltou falar sobre "valores, ética e espírito militar".
Ham assinalou que militares malineses viajaram aos EUA para se formar, incluindo o capitão Amadou Sanog, chefe dos golpistas que depuseram o presidente do Mali, Amadu Tumani Touré, "algo que nos preocupa", disse Ham, segundo publica o Pentágono em comunicado.
O general se perguntou se os sinais do que estava acontecendo foram perdidos ou se poderiam ter feito algo no treinamento de forma diferente", considerando que foi uma mistura de ambas as coisas.
De um ponto de vista militar, explicou que as forças americanas se centraram em treinar em tática e assuntos técnicos como equipamento de operações para melhorar sua efetividade tática e aérea de reabastecimento.
"No entanto, provavelmente, não empregamos o tempo necessário nos centrando em valores, ética e espírito militar", disse.
Mali vive uma grave crise desde o dia 22 de março, quando um golpe de Estado realizado por membros do Exército malinês derrubou o presidente eleito democraticamente, Amado Toumani Touré.
Os militares protestavam contra a pouca atenção que o Governo do Mali dava à rebelião tuaregue no norte do país, mas o golpe só fez agravar mais a situação nessa região.
Aproveitando o vazio de poder após a saída de Tuoré, o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou em abril passado unilateralmente a independência da região setentrional do Mali, que abrange 850 mil quilômetros quadrados.
O general ressaltou a dificuldade da situação no Mali pela "inter-relação dos problemas".
Ham ressaltou que é necessário restaurar o Governo constitucional em Bamaco, a capital; resolver a situação da população do norte; enfrentar o terrorismo da Al Qaeda e outros grupos nessa região e resolver a situação humanitária da região do Sahel.
"Quando algum desses quatro problemas existe, é um problema significativo", assinalou, "quando os quatro existem simultaneamente, torna-se cada vez mais complexo", ao mesmo tempo em que enfatizou que é um problema que os países da África devem resolver.