Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira o envio de um sistema de defesa antimísseis a Guam para defender esse território de um eventual ataque norte-coreano, algo que o secretário de Defesa, Chuck Hagel, qualificou como "perigo real e claro".
Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte repetiu sua ameaça de realizar um ataque nuclear contra os Estados Unidos. Pyongyang disse ter ratificado um ataque potencial, em reação à atual mobilização militar norte-americana na península da Coreia e arredores.
Um porta-voz militar norte-coreano afirmou, segundo relato da agência estatal KCNA, que os Estados Unidos foram informados da ameaça de Pyongyang. Não está claro como o aviso foi feito, já que a Coreia do Norte não mantém relações diplomáticas com os Estados Unidos.
Especialistas dizem que a Coreia do Norte está a anos de conseguir atingir o território continental dos Estados Unidos com uma arma nuclear, apesar de há décadas estar desenvolvendo sua capacidade atômica.
Anteriormente, o regime norte-coreano já havia ameaçado realizar um ataque nuclear contra os EUA e usar mísseis contra bases norte-americanas no Pacífico, inclusive em Guam.
Essas ameaças foram proferidas em reação a novas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) por causa do terceiro teste de armas nucleares norte-coreanas, em fevereiro.
"Algumas das ações que eles tomaram nas últimas semanas representam um perigo real e claro", disse Hagel em conferência na Universidade Nacional de Defesa, em Washington.
As bolsas dos EUA registraram a mínima do dia após as declarações de Hagel e a notícia sobre a mobilização de um sistema antimísseis em Guam.
Após o discurso de Hagel, o Pentágono disse que estava deslocando para Guam um sistema conhecido como Defesa Aérea Terminal de Alta Altitude (THAAD, na sigla em inglês), que inclui um lançador montado em caminhão, interceptadores de mísseis, um radar de rastreamento AN/TPY-2 e um sistema integrado de controle de fogo.
O rendimento do título de dez anos do Tesouro norte-americano, que é a referência do mercado, chegou a cair abaixo de 1,8 por cento pela primeira vez desde janeiro, já que os investidores buscaram segurança em títulos públicos, elevando seus preços. O dólar se valorizou modestamente frente ao euro e ao iene.
Também nesta quarta-feira, o won sul-coreano atingiu sua menor cotação em seis meses.
"Eu diria que as pessoas estão levando isso bem mais a sério do que costumavam", disse o estrategista de renda fixa da Calvert Investments, Steve Van Order, em Maryland, referindo-se às tensões com a Coreia do Norte.
Apesar da retórica, Pyongyang não tomou qualquer ação militar e não tem mostrado sinal de que está preparando suas Forças Armadas de 1,2 milhão de militares para a guerra, disse a Casa Branca na segunda-feira.
(Reportagem adicional de David Alexander, em Washington; e de Caroline Valetkevitch, em Nova York)