Capa da National Military Strategy
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, General Dempsey, não pode prever exatamente onde será a próxima região de ameaça para o país, mas ele sabe que esse novo foco de tensão surgirá mais rápido do que no passado, e que as forças americanas precisam estar preparadas.
A Estratégia Nacional Militar (National Military Strategy), lançada hoje pelo General US Army Martin E. Dempsey, aponta as diretrizes para como as Forças Armadas usarão suas capacidades para fazer valer os interesses nacionais e de segurança do país.
“Globalização, difusão de tecnologia e deslocamentos demográficos enquanto atores estatais e redes trans-regionais desafiam a ordem e a estabilidade”, declarou Dampsey. “Essa estratégia vem de encontro a essa dinâmica e nosso paradigma de garantir que nossas forças continem sendo as mais bem conduzidas, treinadas e equipadas do mundo”.
A Estratégia Nacional Militar vem após o lançamento da Estratégia Nacional de Segurança em fevereiro de 2015, e do Panorama Quadrienal de Defesa no ano passado.
Ponto de vista estratégico
O documento reconhece que a aplicação de poder militar diante de ameaças de outras nações é bem diferente do uso de força contra agentes não-estatais. Também aponta que o cenário mais provável são campanhas prolongadas em vez de batalhas curtas e intensas.
A Estratégia coloca ainda que “como garantia contra a imprevisibilidade da redução de recursos, podemos ter que ajustar nossa postura global”.
Segundo o documento, as forças americanas também precisam estár prontas para conter “nações resistentes” como a Rússia, que desafiam normas da comunidade internacional, bem como organizações extremistas violentas como o Estado Islâmico.
“Estamos trabalhando com aliados para dissuadir, negar e – quando necessário – derrotar nações adversárias”, diz o documento. Mas ao mesmo tempo, as forças dos EUA estão construindo e liderando uma rede para lidar com a questão do EI.
Globalização complica a Estratégia de Segurança
Globalização é permitir que pessoas e tecnologia transitem pelo mundo de forma nunca vistá até então, complicando uma situação já delicada em termos de segurança, segundo a estratégia americana. Esse fenômeno tem efeitos positivos como estimular o comércio e fazer vários países prosperarem, mas também pode exacerbar tensões sociais, causar competição por recursos e instigar estabilidade política.
Tecnologia acelera os processos. A Estratégia americana aponta que indivíduos e grupos, hoje, têm mais informação à disposição do que governos tiveram no passado.
Rússia, Irã e Coreia do Norte preocupam
O documento aponta as contribuições de Moscou para algumas áreas de segurança como cobate ao narcotráfico e contraterrorismo, mas também coloca a predisposição do país em usar força para atingir seus objetivos.
“[A Rússia] vem demonstrando repetidamente que não respeita a soberania de seus vizinhos”, diz o texto. “As ações militares de Moscou estão fragilizando a segurança regional diretamente através de atores intermediários”.
Mas a Rússia não é a única preocupação descrita na Estratégia americana.
O programa nuclear do Irã preocupa aliados dos EUA no Oriente Médio e além, segundo o texto. O país patrocina grupos terroristas na região e tem influência em países como Síria, Iraque, Iêmen e Líbano.
A Coreia do Norte mantém seus status de nação “fora da lei” que desenvolveu armas atômicas e está construindo mísseis capazes de chegar ao território americano.
China: um ponto de interrogação
Já a China está em outra categoria, mas pode representar uma ameaça a Washington, Segundo o documento. Trata-se de uma grande potência em escensão e o texto encoraja Pequim “a se tornar um parceiro para maior segurança internacional”.
Ainda assim, as ações do país no Mar do Sul da China são motivo de preocupação..
É um ambiente estratégico complex e as Forças Armadas americanas não podem se concentrar em apenas uma ameaça e excluir as outras, segundo o texto.
“[Nossas Forças Armadas] precisas fornecer um agama complete de opções militares para lidar tanto com nações revisionistas quanto [organizações extremistas violentas]”, diz o documento. “A falha em conseguir isso resultará em maiores riscos à nação e à ordem internacional”.
Você pode baixar o documento na íntegra através do link – The National Military Strategy of the United States of America 2015 – The United States Military’s Contribution to National Security – June 2015 1MB PDF
Notas DefesaNet
1 – Não é por acaso que a Rússia divulgou de imediato a sua posição (ver Rússia diz que a nova estratégia militar dos EUA é de confronto Link).
2 – Observar os esquemas apresentados nas páginas 4 e 6 do documento divulgado pelo Departamento de Defesa. Menciona pela primeira vez, a Guerra Híbrida, estratégia que a Rússia vem usando contra a Ucrânia e em todos os países europeus fronteiriços, em especial os que são membros da OTAN.
Para uma descrição de Guerra Híbrida acesse Guerra Híbrida – Breve Ensaio Link