O líder talibã conhecido como Mulá Nazir está entre os 16 mortos registrados nesta quinta-feira após os primeiros bombardeios neste ano de aviões não tripulados ("drones") dos Estados Unidos no conflituoso oeste paquistanês, que faz fronteira com o Afeganistão.
O Mulá Nazir morreu em um primeiro ataque ontem à noite, que deixou outros oito mortos, e seis pessoas foram mortas em um segundo bombardeio nesta manhã, informou à Agência Efe uma fonte do Escritório Político (entidade administrativa) da região.
A fonte detalhou que o dirigente talibã estava entre os nove passageiros de um veículo que foi atingido pelos mísseis de um "drone" americano perto do povoado de Wana, no distrito de Sa'ar Kanda, na região tribal do Waziristão do Sul.
"Os nove ocupantes morreram no ataque", indicou a fonte. Um dos principais líderes talibãs do Waziristão do Sul, Mulá Nazir já ocupou no fim de novembro as primeiras páginas dos jornais após sobreviver a um atentado suicida que segundo analistas locais foi organizado por outro líder insurgente.
O atentado, registrado em Wana, matou seis civis e deixou nove pessoas feridas, entre elas o comandante talibã.
Veículos de imprensa locais responsabilizaram pelo atentado outro líder insurgente, o Mulá Abbas, que morreu em um atentado a bomba duas semanas depois em um mercado da região, e que não foi reivindicado por nenhum grupo armado.
A imprensa de Islamabad atribuiu ambos os atentados a uma espiral de ajustes de contas no seio do movimento talibã em Waziristão do Sul, onde o Mulá Nazir liderava o setor moderado e partidário da negociação e, o Mulá Abbas, o radical.
De acordo com analistas, as diferenças que separavam os dois dirigentes eram um reflexo da divisão entre as principais facções dos talibãs paquistaneses diante das convocações ao diálogo que o Governo de Islamabad fez nos últimos meses.
Após o bombardeio que matou ontem à noite o Mulá Nazir, outro avião não-tripulado americano atacou nesta manhã um segundo carro que circulava pela cidade de Mubarak Sahi, e matou seus seis ocupantes, na limítrofe área tribal do Waziristão do Norte.
A fonte não revelou a identidade das vítimas do segundo bombardeio, nem se entre elas há milicianos talibãs.
Trata-se dos primeiros ataques de aviões não tripulados dos EUA em 2013 no Paquistão, cujo governo critica pública e frequentemente esse tipo de bombardeio, muito repudiado entre os moradores das regiões afetadas, principalmente os dois Waziristão.
Mais de 250 pessoas morreram no ano passado em bombardeios de aviões não tripulados americanos em zonas do oeste do Paquistão que servem de refúgio para grupos armados jihadistas que operam de ambos lados da fronteira com o vizinho Afeganistão.
Esse tipo de ataque é o preferido da administração americana para atacar organizações insurgentes que proliferam na região, de muito difícil acesso e que nunca esteve totalmente sob controle do Estado paquistanês.
Embora os ataques tenham como alvo as células de milicianos que operam na zona, entre suas vítimas frequentemente estão civis, segundo grupos de defesa dos direitos humanos e organizações de ajuda com presença na região.