Os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre o Irã nesta sexta-feira, aplicando sanções em 13 indivíduos e 12 entidades, dias depois de a Casa Branca colocar Teerã "sob advertência" por causa de um teste de míssil balístico.
A medida é a primeira do governo dos EUA contra o Irã desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, tomou posse em 20 de janeiro, após prometer endurecer com a República Islâmica durante a campanha eleitoral de 2016.
Sob as sanções, os envolvidos não podem ter acesso ao sistema financeiro dos EUA nem lidar com empresas do país. Eles também estão sujeitos a "sanções secundárias", o que significa que companhias e indivíduos estrangeiros estão proibidos de lidar com eles sob risco de entrarem em uma lista negra de Washington.
As ações são semelhantes a outras adotadas pela gestão de Obama visando a rede de mísseis balísticos iraniana, mas autoridades de alto escalão do governo Trump disseram que a medida é só o primeiro lance nos planos contra Teerã.
Uma autoridade norte-americana altamente graduada disse que as sanções desta sexta-feira são um "passo inicial" em reação ao "comportamento provocador" do Irã, insinuando que pode haver mais se o regime não contiver seu programa de mísseis balísticos e continuar a apoiar as milícias houthi no Iêmen.
Os EUA encaminharam um destróier da Marinha, o USS Cole, para as proximidades do Estreito de Bab al-Mandab, na costa do Iêmen, para proteger as rotas marítimas.
O Tesouro dos EUA, que listou os indivíduos e entidades afetados em seu site, disse que as sanções são "plenamente consistentes" com os compromissos dos EUA com o acordo nuclear firmado entre Teerã e seis grandes potências em 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunta Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês).
Algumas das entidades listadas têm sede nos Emirados Árabes Unidos, no Líbano e na China.
As novas designações se atêm a áreas que continuam sob sanções mesmo com o acordo em vigor, como a influente Guarda Revolucionária iraniana e o programa de mísseis balísticos.
"A ação de hoje é parte dos esforços contínuos do Tesouro para contrabalançar a atividade nociva do Irã no exterior que está fora do escopo do JCPOA", informou o Tesouro em um comunicado.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, tuitou nesta sexta-feira antes do anúncio: "Irã indiferente às ameaças, já que extraímos segurança de nosso povo. Jamais irá iniciar uma guerra, mas só podemos contar com nossos próprios meios de defesa".
Zarif conduziu as negociações nucleares em 2015.
Entre os alvos das novas medidas estão empresas, indivíduos e intermediários que o Tesouro dos EUA disse auxiliarem uma rede de comércio administrada pelo empresário iraniano Abdollah Asgharzadeh.
O departamento norte-americano afirmou que ele apoia o Shahid Hemmat Industrial Group, que segundo os EUA é uma subsidiária de uma entidade iraniana que controla o programa de mísseis balísticos de Teerã.
Chanceler do Irã se diz indiferente a ameaças dos EUA
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, tuitou nesta sexta-feira que a República Islâmica não se abalou com as ameaças dos Estados Unidos, depois que realizou um teste de míssil e que Teerã jamais começaria uma guerra.
"Irã não se deixa perturbar por ameaças, já que obtemos segurança de nosso povo. Jamais iniciaremos uma guerra, mas só podemos confiar em nossos próprios meios de defesa", escreveu Zarif.
O presidente norte-americano, Donald Trump, tuitou no início desta sexta-feira que "o Irã está brincando com fogo" e que "não valorizam o quanto o presidente Obama foi 'gentil' com eles. Eu não!".
Trump disse na quinta-feira que "nada está descartado" no trato com os iranianos após seu lançamento de um míssil balístico. Colegas republicanos do Congresso disseram que vão apoiá-lo com novas sanções.
Zarif disse que seu país não pretende usar seu poderio militar contra nenhum país, a não ser em legítima defesa.
"Jamais usaremos nossas armas contra ninguém, exceto em legítima defesa. Vamos ver se algum destes que reclamam podem fazer a mesma afirmação", tuitou.
O Irã disse na quinta-feira que não cederá às "inúteis" ameaças dos EUA de "uma pessoa inexperiente" sobre seu programa de mísseis.