Elisabeth Bumiller
O Pentágono começou a encarar a possibilidade de ter de cortar centenas de bilhões de dólares de seu orçamento militar nos próximos dez anos. Mas há tão poucos detalhes do assunto no acordo sobre o teto da dívida que a confusão quanto à verdadeira dimensão do corte é geral.
Há alguma clareza quanto ao futuro imediato: os cortes militares para 2012 devem ser mínimos. Mas no futuro, dizem analistas, há a possibilidade de que superem US$ 550 bilhões em dez anos -US$ 150 bilhões a mais do que Barack Obama havia proposto.
O acordo afirma que, após corte imediato de US$ 1 trilhão nos planos de gastos para os próximos dez anos, uma comissão do Congresso precisará propor US$ 1,5 trilhão em cortes adicionais até novembro -caso isso não aconteça, haverá cortes automáticos da ordem de US$ 1,2 trilhão a partir de 2013, metade deles nos gastos militares.
Na opinião de Mitt Romney, pré-candidato republicano à Presidência, a ameaça de cortes draconianos nas verbas militares facilitaria para os democratas extrair concessões dos republicanos quanto à alta de impostos.
A estratégia aparente não se aplica aos alinhados com o movimento Tea Party, que se dividem quanto aos cortes na defesa e em muitos casos prefeririam ver redução geral nas dimensões do governo.
Publicamente, funcionários do Pentágono expressaram cautela quanto aos cortes (o acordo sobre a dívida não computa a economia com o final das guerras no Iraque e no Afeganistão, que é estimada em US$ 1 trilhão).
Mesmo assim, na semana passada o general Martin Dempsey, que assumirá a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas, alertou que os cortes propostos "acarretariam risco muito alto".