A revelação de que James E. Holmes, 24 anos, que matou 12 pessoas a tiros em um ataque na cidade americana de Aurora, tinha comprado 6 mil balas pela internet e adquirido as armas usadas no ataque legalmente em lojas no Estado do Colorado, reacendeu o debate sobre o controle de vendas de armas no país. Mas tanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quanto o pré-candidato republicano à presidência americana, Mitt Romney, vêm evitando o tema em todos os seus pronunciamentos sobre o massacre.
Holmes, que está sendo mantido em uma solitária na prisão do condado de Arapahoe, comparecerá a um tribunal pela primeira vez nesta segunda-feira.
Foram poucos os políticos americanos que se posicionaram a favor do controle de armas após o incidente, em que 12 pessoas foram mortas e outras 58 ficaram feridas. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que defende o controle de armas abertamente, disse que cabe a Obama e Romney agirem em relação ao tema.
Obama e Romney
"Palavras amenas são boas, mas talvez seja a hora de que essas duas pessoas que pretendem ser presidentes dos Estados Unidos se manifestem e digam o que pretendem fazer a respeito", afirmou Bloomberg.
Segundo o chefe de polícia de Aurora, Dan Oates, todas as armas – duas pistolas Glock e um rifle AR-15 -, os pentes de balas e a munição que teriam sido utilizadas por Holmes no ataque foram adquiridas legalmente. Holmes comprou as armas ao longo dos últimos dois meses em lojas do Colorado. Oates disse que a munição e os vários pentes de balas usados no massacre foram comprados pela internet.
Segundo reportagem publicada no New York Times nesta segunda-feira, Holmes pôde comprar as milhares de balas que usou sem chamar a atenção das autoridades porque vendedores não precisam fornecer informações sobre vendas de armas à polícia, mesmo quando feitas em grandes quantidades.
A senadora pela Califórnia Dianne Feinstein questionou a razão da disponibilidade nos Estados Unidos de uma arma com um pente com capacidade para cem balas, como o que teria sido adquirido por Holmes, segundo a polícia. "Você não precisa disso para autodefesa, precisa? Por que nós disponibilizamos isso?", afirmou, em uma entrevista à rede de TV Fox News.
Veto
David Vice, do Centro Brady para Prevenção de Violência com Armas, afirmou que o pente de balas que Holmes teria usado é proibido de acordo com um veto a armas de assalto. Mas, segundo Vice, quando o veto expirou, em 2004, fabricantes de armas inundaram o mercado com câmaras de balas de alta capacidade.
Durante a campanha presidencial de 2008, Obama chegou a defender a restauração do veto federal, que havia sido instaurado na gestão do ex-presidente Bill Clinton, mas que expirou durante o mandato de George W. Bush.
Pouco antes da chegada de Obama à Casa Branca, houve um aumento da venda de armas, devido a temores de que o líder americano impusesse restrições ao seu comércio. Mas, desde eleito, Obama deixou de pressionar por medidas de controle à venda de armas.
Grupos que defendem o direito ao porte de armas exercem um poderoso lobby nos Estados Unidos. O direito de portar armas é garantido pela segunda emenda da Constituição Americana. Os defensores do porte de armas são particularmente fortes nas regiões rurais e mais conservadoras dos Estados Unidos.