Os Estados Unidos estão considerando o envio de um pequeno número de forças de operações especiais para a Síria e de helicópteros de ataque ao Iraque, à medida que avaliam opções para ampliar a batalha contra o Estado Islâmico, disseram autoridades dos EUA na terça-feira.
O governo do presidente Barack Obama, que se aproxima da reta final de seu mandato, está sob pressão para aumentar o esforço dos Estados Unidos, especialmente após a queda da cidade iraquiana de Ramadi para o Estado Islâmico e o fracasso de um programa militar dos EUA para treinar e armar milhares de rebeldes sírios.
Duas autoridades norte-americanas, que falaram à Reuters sob condição de anonimato para discutir deliberações em curso, disseram que qualquer envio de tropas seria cuidadosamente calculado, buscando avanços específicos e objetivos militares limitados no Iraque e Síria.
Essa opção inclui a utilização temporária de forças de operações especiais dos EUA dentro da Síria para aconselhar os combatentes da oposição síria moderada pela primeira vez e, possivelmente, para ajudar a direcionar ataques aéreos norte-americanos, disse uma autoridade.
Outra possibilidade inclui o envio ao Iraque de um pequeno número de helicópteros de ataque Apache, junto com as forças dos EUA para operá-los, como o objetivo de recuperar território do Estado Islâmico.
EUA intensificam luta contra Estado Islâmico, diz chefe do Pentágono
As tropas norte-americanas estão intensificando a pressão sobre militantes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, dando apoio a forças locais com uma campanha aérea ampliada e apoio direto ocasional em terra, disse o secretário de Defesa, Ash Carter, a parlamentares nesta terça-feira.
Ao falar junto a Carter no Comitê do Senado para Serviços Armados, o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior norte-americano, afirmou que consideraria recomendar o emprego de forças dos EUA junto a tropas iraquianas para lutar contra o Estado Islâmico, se isso aumentar as chances de derrotar os extremistas.
Carter afirmou que a campanha militar está evoluindo à medida que os militares norte-americanos buscavam reforçar as ações terrestres e intensificar a pressão sobre redutos do Estado Islâmico em Raqqa, na Síria, e em Ramadi, no Iraque.
O secretário de Defesa espera que a campanha aérea se intensifique, com mais aviões e num ritmo mais acelerado. Ele declarou que os EUA não hesitariam em apoiar as forças locais com "ataques do ar ou ação direta em terra".
Dunford afirmou que o emprego de forças norte-americanas com tropas iraquianas poderia garantir eficácia logística e melhorar a inteligência.
Depois da sessão, parlamentares disseram ter sentido que há uma tendência para uma solução diplomática antes de uma reunião internacional sobre a Síria no fim da semana.
"Sexta-feira vai obviamente ser um dia importante", afirmou o senador Bob Corker, republicano e presidente do painel de relações externas. "Eles estão colocando muito peso nas reuniões de sexta", disse.
Annan vê chance de paz na Síria nas negociações entre Rússia e EUA
As negociações entre a Rússia e os Estados Unidos podem produzir uma chance de paz na Síria, afirmou nesta terça-feira o ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, que tentou, sem sucesso, alcançar um acordo para acabar com a guerra em 2012.
"Nesta situação, o papel da Rússia e dos EUA é fundamental. Se os dois encontrarem uma forma de trabalhar efetivamente juntos e de trabalhar com os outros, vamos encontrar uma solução", disse Annan a uma plateia de estudantes e diplomatas, incluindo Lakhdar Brahimi, que o sucedeu como mediador da crise síria, mas que também deixou o cargo depois de não conseguir forjar um acordo.
"Nenhuma guerra vai durar para sempre", acrescentou.
Os EUA e a Rússia irão discutir a questão da Síria na sexta-feira em Viena e convidaram o Irã, amplamente visto como uma parte fundamental de qualquer acordo de paz, mas que os norte-americanos se recusaram a ter na mesa quando Annan estava à frente da mediação em 2012.
A chave para acabar com a guerra de quatro anos e meio, que já matou mais de 250.000 pessoas, é aproximar "governos que estão financiando a guerra, que estão dando dinheiro e armas às partes responsáveis", disse Annan.
"Talvez fosse muito cedo, em 2012, talvez não estava maduro. Mas hoje vemos contatos que não eram possíveis em 2012 ou até um ano atrás, em que há reuniões entre os russos, os sauditas, os norte-americanos e os turcos tentando encontrar uma solução comum."
A única maneira de trazer a paz seria se os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, possivelmente com a Alemanha, trabalhassem em conjunto com os poderes regionais: Arábia Saudita, Turquia, Irã, Egito e Catar, disse ele.
Esses governos seriam capazes de controlar os grupos de oposição armados que lutam na Síria, que teriam de ser parte de qualquer acordo de paz, afirmou.