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EUA ampliam compartilhamento de inteligência com sauditas em operação no Iêmen

Os Estados Unidos estão ampliando seu compartilhamento de inteligência com a Arábia Saudita para fornecer mais informações sobre potenciais alvos a serem atingidos na campanha de ataques aéreos conduzida pelos sauditas contra combatentes houthis no Iêmen, disseram autoridades norte-americanas à Reuters.

O auxílio mais intenso passa a ocorrer no momento em que os contínuos ataques aéreos conduzidos pelos sauditas e aliados do Golfo Árabe completam duas semanas e não têm conseguir conter o avanço dos houthis, ligados ao Irã.

Autoridades norte-americanas disseram que o auxílio inclui dados de inteligência sensíveis, que vão permitir aos sauditas melhor avaliar seus alvos num conflito que já matou centenas de pessoas e desabrigou outras dezenas de milhares desde março.

"Abrimos um pouco mais a abertura em relação ao que estamos compartilhando com nossos parceiros sauditas", disse uma das autoridades dos EUA.

"Estamos ajudando eles a terem uma melhor noção do campo de batalha e do estado do conflito com as forças houthis. Estamos também ajudando a identificar áreas de 'não ataque', que eles devem evitar" para minimizar o número de vítimas civis, disse a autoridade.

A Arábia Saudita está preocupada que a violência possa cruzar a fronteira com o Iêmen e entrar em seu próprio território. Os sauditas também se preocupam com a influência do Irã xiita, que tem negado acusações sauditas de que esteja fornecendo apoio militar direto aos houthis.

Os Estados Unidos, cuja luta contra os militantes da Al Qaeda no Iêmen sofreu um grave revés desde que os houthis assumiram o controle da capital, Sanaa, e destituíram o governo anterior, têm evitado desempenhar um papel direto na escalada do conflito.

Os norte-americanos não chegaram a escolher alvos a serem atingidos pelos sauditas, disse um dos quatro representantes do governo dos EUA que falaram com a Reuters sob a condição de anonimato.

Mas os EUA têm sido pressionados para fazer mais para ajudar a aliança liderada pela Arábia Saudita, que teme que o avanço dos houthis leve a influência dos inimigos iranianos até o limiar de suas fronteiras.

As preocupações sauditas com a crescente influência iraniana têm se intensificado também em decorrência das negociações nucleares do Irã com outras potências mundiais, o que pode resultar, até 30 de junho, num acordo pela suspensão das sanções contra o país.

Um experiente diplomata norte-americano disse nesta semana que Washington estava acelerando o fornecimento de armas e impulsionando o compartilhamento de inteligência com a aliança liderada pelos sauditas. O Pentágono afirmou ter dado início a missões de reabastecimento aéreo de caças da coalizão árabe, embora sempre fora do espaço aéreo iemenita.

Até poucos dias, o apoio de inteligência dos EUA se limitava ao exame de informações sobre alvos dos sauditas, para tentar aferir sua acurácia, disseram autoridades sauditas e norte-americanas.

O papel dos EUA agora se expandiu em tamanho e escopo. A Casa Branca e o Pentágono não quiseram comentar ao serem questionados especificamente sobre o maior compartilhamento de inteligência.

"Os Estados Unidos estão fornecendo aos nossos parceiros a inteligência necessária e oportuna para defender a Arábia Saudita e atender a outros esforços para apoiar o governo legítimo do Iêmen", disse o porta-voz da Casa Branca, Alistair Baskey.

Grupos de ajuda humanitária disseram que os ataques sauditas, que começaram em 25 de março, causaram um grande número de vítimas civis, incluindo um ataque contra um campo de refugiados controlado pelos houthis no norte do Iêmen, em que 40 pessoas foram mortas, segundo a Organização Internacional para a Migração. Representantes da Arábia Saudita têm atribuído a culpa por tais incidentes aos próprios houthis.

A campanha liderada pelos sauditas tem o objetivo de obrigar os houthis a recuar em seus ganhos territoriais, assim como de reconduzir ao cargo o presidente iemenita, Abd Rabbu Mansour Hadi, que se retirou do país.

Paquistão rejeita pedido saudita de apoio armado à luta no Iêmen

O Parlamento do Paquistão votou nesta sexta-feira a favor da decisão de não se unir à intervenção militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, acabando com as esperança de Riad de receber um apoio robusto de fora da região em sua luta contra os rebeldes houthis, que têm respaldo do Irã.

A Arábia Saudita havia pedido ao Paquistão, cuja população também é de maioria sunita, que colaborasse com navios, aeronaves e tropas para a campanha, atualmente em sua terceira semana, para conter a influência do xiita Irã no que aparenta ser uma guerra por procuração entre as duas potências dominantes do Golfo Pérsico.

Embora os sauditas contem com o apoio de seus vizinhos sunitas no Golfo, a legislatura paquistanesa se pronunciou contra o envolvimento militar.

"(O Parlamento) deseja que o Paquistão mantenha a neutralidade no conflito no Iêmen, de forma a poder desempenhar um papel diplomático proativo para encerrar a crise”, declarou.

A Arábia Saudita minimizou a decisão, dizendo ainda não ser uma medida definitiva porque "o governo do Paquistão não anunciou uma posição oficial até agora", declarou o porta-voz da coalizão, o general de brigada Ahmed Asseri, a repórteres nesta sexta-feira.

“A presença de nossos irmãos paquistaneses seria um acréscimo, mas a ausência de seu destacamento terrestre, naval ou aéreo não afetará as operações da coalizão”, acrescentou.

A aliança liderada pelos sauditas começou os ataques aéreos contra os houthis no Iêmen em 26 de março, depois que os rebeldes, que já controlam a capital, Sanaa, iniciaram um rápido avanço rumo à cidade portuária de Áden, no sul.

A Arábia Saudita teme que a violência se espalhe pela fronteira que divide com o Iêmen e também se preocupa com a influência de Teerã, que negou as acusações sauditas de que tem fornecido apoio militar direto aos houthis.

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