A estratégia militar da Coreia do Norte é superior à postura defensiva da rica Coreia do Sul, disse uma entidade independente nesta quarta-feira, alertando que o Norte levaria vantagem nos primeiros dias de uma eventual guerra.
O Instituto de Pesquisas Econômicas da Coreia, com sede em Seul, disse em um relatório que a Coreia do Norte operou em 2011 um Exército com 1,02 milhão de soldados, e um número recorde de tanques, navios e defesas antiaéreas. O contingente militar total da Coreia do Norte é de 1,2 milhão de soldados.
"A deprimente realidade é que não seria inteiramente errado dizer que o poderio militar da Coreia do Norte é mais forte", disse o instituto. "Devemos lembrar que o Norte é bem superior em termos de número de soldados e, especialmente, que os militares do Norte estão estruturados em sua formação e mobilização com o propósito de uma guerra ofensiva."
A Coreia do Sul tem um Exército com quase 700 mil soldados, apoiados por 28 mil militares americanos estacionados no país. Mas analistas dizem que, apesar da sua expressiva superioridade numérica, o Norte não teria chances em um conflito, porque seu equipamento é muito inferior. O poderio aéreo americano e sul-coreano já bastaria para reverter em poucos dias a vantagem inicial coreana em um eventual conflito.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, depois de terem assinado apenas um armistício no final da Guerra da Coreia (1950-53).
Guerra total
Menos de um mês depois da morte do dirigente Kim Jong-il, o regime comunista norte-coreano deixou clara a sua intenção de manter a política chamada "songun" (militares em primeiro lugar).
O relatório do instituto diz que "a única forma de deter um ataque preventivo por parte do Norte é deixar claro que as forças sul-coreanas irão assumir que se trata de um prenúncio de uma guerra total e reagirão independentemente da natureza da agressão, mesmo que seja uma guerra de guerrilha regional em pequena escala."
Embora a Coreia do Norte tenha hoje menos aviões de combate do que em 1986, seu poderio aéreo foi reforçado pela aquisição de caças MiG-29 a partir da década de 1990, segundo o relatório, que também aponta um notável aumento no número de submarinos. Mas especialistas dizem que a maior parte do equipamento aéreo e naval do Norte é obsoleto e que a escassez de combustível no país dificultaria a manutenção de uma operação militar prolongada.
A Coreia do Norte tradicionalmente adota uma retórica belicosa contra o Sul, e nesta semana a TV estatal novamente ameaçou transformar Seul em um "mar de fogo". Analistas dizem que o novo líder do país, Kim Jong-un, pode provocar um incidente militar para afirmar internamente suas credenciais à frente do regime, que já foi comandado por seu pai e avô.
O ministério sul-coreano da Defesa anunciou nesta quarta-feira que irá formalizar neste mês um plano operacional conjunto com os EUA contra uma eventual agressão e que os dois países realizarão exercícios militares mais frequentes.