Os Estados Unidos vão enviar à Ucrânia munições com urânio empobrecido para enfrentar tanques e veículos blindados. O anúncio foi feito pelo Pentágono nesta quarta-feira (6), mesmo dia em que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, faz uma visita a Kiev. O representante de Washington passará a noite na Ucrânia.
RFI
As munições de 120 mm serão usadas nos tanques de combate americanos Abrams, prometidos a Kiev em um novo pacote de ajuda militar no valor de US$ 175 milhões.
É a primeira vez que os Estados Unidos admitem fornecer à Ucrânia munições deste tipo, capazes de perfurar a blindagem de veículos, mas com riscos tóxicos para soldados e civis.
Há alguns meses, o Reino Unido anunciou a sua intenção de fornecer munições com urânio empobrecido à Ucrânia, decisão denunciada por Moscou.
Extremamente denso, o urânio é um metal que não se deforma quando entra em contato com seu alvo, ampliando a eficácia dos projéteis.
O anúncio americano foi feito no mesmo dia em que o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, se encontrou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, durante uma visita surpresa a Kiev.
O encontro é uma mostra do “compromisso inabalável dos Estados Unidos com a soberania e a integridade territorial da Ucrânia diante da agressão da Rússia”, afirma o Departamento de Estado norte-americano.
Esta é a quarta visita de Blinken à Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
“Avanços impressionantes”
Em Kiev, Blinken visitou um cemitério para depositar flores em memória dos soldados ucranianos mortos na batalha.
Durante um discurso à imprensa, Blinken afirmou que Washington vai manter os “esforços” para que os ucranianos tenham aquilo que precisam para esta fase da batalha.
Blinken afirmou que os progressos das tropas ucranianas são muito “promissores”. “Vemos muito claramente os progressos importantes que são feitos atualmente na contraofensiva”, disse o secretário de Estado.
Em junho, Kiev iniciou o ataque no sul e leste do país, onde as tropas russas ocupam quase 20% do território ucraniano. O avanço tem sido lento e complicado diante de um território minado e da intensa resistência dos soldados russos.
“As forças ucranianas conseguiram avanços impressionantes no sul, em particular, mas também no leste nos últimos dias e semanas. Mas eu penso que o mais importante é recebermos uma avaliação verdadeira dos próprios ucranianos”, resumiu uma fonte do Departamento de Estado americano à agência AFP.
Durante o encontro com Blinken, Volodymyr Zelensky agradeceu o apoio neste momento e nos próximos meses. “Um inverno difícil nos espera. Mas estamos felizes de não estarmos sozinhos para enfrentá-lo. Estaremos ao lado de nossos parceiros”, afirmou o ucraniano, agradecendo aos EUA pela ajuda no setor energético.
Durante sua viagem de trem a Kiev, Blinken conheceu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que fez um discurso no Parlamento ucraniano pela manhã. O americano agradeceu a ajuda da Dinamarca, que anunciou há duas semanas a entrega de caças F-16 à Ucrânia.
Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, os Estados Unidos lideram uma coligação internacional de apoio à Ucrânia. Até o momento, o país prometeu US$ 43 bilhões em ajuda militar.
O Kremlin acusou os Estados Unidos de “manterem a Ucrânia em estado de guerra” e garantiu que a sua assistência não pode “influenciar o resultado da operação militar especial”, eufemismo utilizado na Rússia para se referir à invasão.
Ataque russo a mercado deixa 17 mortos
Nesta quarta-feira, um bombardeio russo em um mercado cheio causou 17 mortes em Kostiantynivka, uma cidade no leste da Ucrânia.
“A artilharia de terroristas russa matou 17 pessoas na cidade de Kostiantynivka, na região de Donetsk”, escreveu o presidente ucraniano, citando que além de um mercado, lojas e uma farmácia foram atingidos. “Infelizmente, o número de mortos e feridos pode aumentar”, sublinhou Zelensky.
Mais cedo, a defesa aérea ucraniana neutralizou um ataque de mísseis contra a capital, Kiev. Os destroços dos aparelhos provocaram um incêndio em um supermercado, sem deixar vítimas, segundo as autoridades.
Além desse ataque contra Kiev, a Rússia atacou a região de Odessa (sul), perto da fronteira com a Romênia, com drones durante a noite e uma pessoa morreu.
(Com informações da AFP)