O tom entre os Estados Unidos e o Irã voltou a subir a neste domingo (1º/01), marcado por declarações e anúncios de ambos os lados, sinalizando que o clima de tensão entre os dois países deverá continuar nos próximos dias.
Neste domingo, a agência nuclear iraniana anunciou que seus cientistas pela primeira vez produziram um tubo de combustível atômico, um feito do qual o Ocidente duvidada que fossem capazes. O Irã foi obrigado a produzir esses bastões de urânio porque as sanções internacionais impediram a sua compra nos mercados externos, disse a agência.
O anúncio marca mais um passo nos esforços iranianos de dominar o ciclo de produção de combustível nuclear, desde a exploração do urânio até o seu enriquecimento, e ocorre apesar das ameaças de sanções de países europeus e dos Estados Unidos.
Estes querem que o Irã abandone seu programa nuclear, temendo que o objetivo secreto seja a obtenção de armas atômicas. Os iranianos, porém, afirmam que o programa tem fins exclusivamente pacíficos, como a produção de energia e o tratamento de câncer.
Negociações sem sucesso
No sábado, a República Islâmica havia anunciado estar disposta a retomar os diálogos sobre seu programa nuclear, conduzidos pelas cinco potências com assento permanente no Conselho de Segurança (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França) mais a Alemanha.
O último encontro, em janeiro de 2011, foi realizado em Istambul e, como todos os anteriores, não deu em nada. As Nações Unidas já anunciaram quatro rodadas de sanções ao governo em Teerã, e os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram sanções adicionais.
A Alemanha reagiu com ceticismo à oferta iraniana. Segundo o ministro do Exterior, Guido Westerwelle, o que conta não são anúncios vagos, mas ações concretas e verificáveis. Ele acrescentou que é de interesse do próprio Irã cumprir com suas obrigações internacionais e tornar o seu programa atômico transparente.
Já segundo a União Europeia, novas sanções deverão ser definidas até o final de janeiro, no mais tardar no encontro dos ministros do Exterior da UE, segundo o porta-voz Michael Mann declarou à agência de notícias Reuters.
Míssil no Estreito de Ormuz
Também neste domingo, o vice-comandante da Marinha, Mahmoud Moussavi, anunciou que o país testou um míssil de longo alcance no Estreito de Ormuz, um canal de transporte de vital importância para a indústria do petróleo. O míssil teria sido desenvolvido por cientistas iranianos.
Moussavi também anunciou que, nesta segunda-feira, navios e submarinos iranianos vão executar manobras no Estreito de Ormuz, destinadas ao bloqueio do canal caso a República Islâmica decida dar esse passo. Essa não seria, porém, a intenção do país, afirmou.
O anúncio iraniano ocorreu poucas horas depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, assinar uma lei que reforça as sanções norte-americanas ao país asiático, justamente por causa do programa nuclear iraniano. Há poucos dias, o Irã anunciara que bloquearia o Estreito de Ormuz se o Ocidente ameaçasse o país com sanções.
Em resposta às novas sanções, o presidente Mahmud Ahmadinejad declarou que o Irã vai reagir à pressão feitas pelos seus inimigos. “Temos que proteger o povo e a nação da conspiração do inimigo”, afirmou.
AS/ap/dpa/rtr/afp/lusa