O "Estado Islâmico" (EI) consolidou neste domingo (17/05) a captura de Ramadi, capital da província de Anbar, após a retirada das forças iraquianas. Esta é uma das mais importantes perdas do governo de Bagdá desde o início da ofensiva para retomar o território perdido aos jihadistas.
"O comando das operações em Anbar foi desativado", informou à agência AFP o porta-voz do governo da província, Muhammad Haimour. Diversas autoridades de segurança do país confirmaram a retirada das forças iraquianas da região.
Os milicianos do EI, que já controlavam grande parte da província de Anbar, utilizaram uma série de atentados suicidas com carros-bomba para tomar a cidade, e hastearam a bandeira negra da organização islamista na sede do comando militar da província.
"O Daesh [acrônimo em árabe para a organização terrorista] tomou o controle de todas as principais bases de segurança", afirmou um tenente-coronel que estava entre as tropas iraquianas que bateram em retirada do centro de comando das operações, utilizando o nome do EI em árabe.
"Não temos um número exato de mortes, mas acreditamos que em torno de 500 pessoas, entre civis e militares, perderam suas vidas nos últimos dois dias", afirmou Haimour, acrescentando que os combates ainda aconteciam em algumas áreas.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, havia aprovado o envio de unidades das milícias da Mobilização Popular (Hashed al-Shaabi) para tentar resgatar Ramadi, em uma atitude que marca uma mudança de postura em relação a oposição da província sunita de permitir a utilização dessas forças, que abrigam diversos grupos de combatentes xiitas.
Os combates resultaram numa nova onda de fugas de civis no país. A Organização Internacional para a Migração afirma que oito mil pessoas foram forçadas a fugir da região, número que ainda deve aumentar.
"Estamos extremamente preocupados com massacres que poderão ocorrer nas próximas horas", alertou Haimour. O primeiro-ministro Abadi jurou que não irá abandonar a cidade, a cerca de cem, quilômetros da capital, Bagdá.
Exército iraquiano tenta conter grupo Estado Islâmico após tomada de Ramadi¹
Os jihadistas entraram em Ramadi em abril, mas a ofensiva se intensificou na semana passada, quando o grupo Estado Islâmico (EI) tomou o controle da parte central da cidade, onde estão instaladas as repartições da administração regional. No domingo, o porta-voz do governo da província, Mouhannad Haimour, confirmou que o centro de comando das operações militares de Ramadi estava nas mãos dos rebeldes. O EI já controla a maior parte a região de al-Anbar, que vai das fronteiras com a Síria, Jordânia e Arábia Saudita até as redondezas de Bagdá.
Diante da situação, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, ordenou que os forças armadas e as milícias aliadas “se mantenham em suas posições para impedir que o EI controle outros setores do país”. Boa parte dos soldados iraquianos já deixaram a cidade.
A ofensiva que resultou na tomada de Ramadi começou na quinta-feira (14), com vários ataques suicida. Cerca de 500 pessoas, entre civis e combatentes, foram mortos apenas no fim de semana. Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIT), pelo menos 8 mil moradores já fugiram da cidade.
Washington se mostra confiante
De Seul, onde se encontra em visita oficial, o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, se mostrou otimista, apesar da tomada da capital da província de al-Anbar. “Eu tenho uma confiança absoluta de que, nos próximos dias, a situação vai se inverter”, disse o representante da diplomacia dos Estados Unidos.
¹com RFI – França