Após uma tentativa fracassada de trégua não oficial durante os três dias do feriado de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, Israel atacou Gaza massivamente na noite desta segunda para terça-feira (29/07). Cerca de 150 alvos foram atingidos, entre eles a casa de Ismail Haniya, um dos líderes do Hamas.
Nem Haniya nem sua família estavam em casa quando o local foi destruído pelos mísseis, segundo a emissora de televisão do Hamas, al-Aqsa. Já os moradores da Faixa de Gaza relataram medo, pânico e uma explosão a cada cinco minutos. Mais de 1.100 mil palestinos já foram mortos desde o início da ofensiva de Israel, há 22 dias. Enquanto isso, 53 soldados e três civis israelenses morreram.
Moradores do sul e do centro de Israel também viveram uma noite inquieta, com sirenes de alerta para ataques aéreos soando nas duas regiões. Ao menos dois foguetes caíram em áreas desocupadas e ao menos um foi interceptado, de acordo com testemunhas.
Durante os ataques noturnos, a única central elétrica da Faixa de Gaza também foi atingida, segundo o Exército israelense. A central está fora de operação, disse um representante do setor de energia de Gaza nesta terça-feira.
Os intensos ataques vieram após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertar num pronunciamento na televisão que Israel deve estar preparado para "uma longa campanha" militar em Gaza.
"Vamos continuar agindo com força e discrição até cumprirmos nossa missão", disse. “Não vamos parar até neutralizar todos os túneis [utilizados pelo Hamas], que têm como único propósito destruir nosso povo e matar nossas crianças."
O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, disse que a ofensiva terrestre para acabar com os túneis deve ser concluída nos próximos dias. Até agora, 17 dos 31 túneis conhecidos foram explodidos, segundo o Exército israelense.
Sete militantes conseguiram se infiltrar em Israel por um túnel na noite desta terça-feira e, ao serem descobertos, mataram cinco soldados israelenses. Um dos palestinos morreu e os outros seis conseguiram voltar à Gaza pelo túnel.
Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, rebateu as ameaças de Israel, dizendo que elas não assustam o Hamas ou os palestinos. "A ocupação (israelense) vai pagar por seus massacres contra crianças e civis", disse à agência de notícias Reuters.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar preocupado com o fato de Israel estar jogando folhetos a partir de aviões, alertando moradores a deixar a cidade de Gaza. Para Ban, deixar suas casas causaria ainda mais sofrimento aos palestinos e a ONU não tem a capacidade de suportar um grande fluxo de pessoas.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que mais de 167 mil palestinos já buscaram refúgio em suas escolas e edifícios na sequência de avisos pedindo que civis evacuassem bairros inteiros diante de operações militares israelenses.