Coreia do Norte celebrou neste sábado, entre oferendas de flores e cantos de louvor, o aniversário póstumo de Kim Jong-il, com o país ainda envolto na repercussão de seu terceiro teste nuclear. No dia deste festejo, o regime pôde permanecer alheio a tensão vivida desde a detonação atômica de terça-feira, realizada no nordeste do país, com as reações de Estados Unidos e Coreia do Sul.
A Coreia do Norte já demonstrou que "não tem medo" de sanções ou pressões que podem surgir por este teste, o terceiro, após os realizados em 2006 e 2009. O país se vale do fato que seu Exército Popular conta com grande poder de dissuasão nuclear, afirmou neste sábado a agência estatal KCNA.
Assim, o país comunista reafirma mais uma vez em sua ação depois que, ontem, o congresso americano aprovou uma resolução de condenação à nova aventura atômica, cobrando "todas as sanções possíveis" a Pyongyang.
Hoje, apesar da crise, a Coreia do Norte se voltou para lembrar o "querido líder", Kim Jong-il, que completaria 71 anos. Em cerimônia transmitida pela televisão, diante de um repleto auditório em Pyongyang, corais cantaram em memória do ex-líder.
As canções, acompanhadas por acordeões, considerado o instrumento nacional norte-coreano lembraram a trajetória do ditador, desde seu nascimento em 1942, no simbólico Monte Paektu até o dia de sua morte.
O dia 16 de fevereiro no país é o "Dia da Estrela Brilhante" nesta nação caracterizada pelo extremo culto à personalidade de seus líderes. Nele, desde as primeiras horas, os norte-coreanos participaram de eventos comemorativos, muitos, desde a primeira hora da manhã, no monte Mansudae em Pyongyang.
Apesar das temperaturas abaixo de zero, civis e militares ofereceram flores tanto a Kim Jong-il, como a seu pai, o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, transformados em gigantescas estátuas de bronze.
Kim Jong-un, filho mais novo e sucessor do "querido líder", visitou com sua esposa o Palácio do Sol de Kumsusan, também na capital do país, onde jazem embalsamados os corpos de seus dois antecessores.
Enquanto isso, na Coreia do Sul cresce o temor de que ao terceiro teste nuclear norte-coreano siga em breve um quarto. Fotografias por satélite já teriam revelado atividade em um túnel próximo ao que abrigou a detonação na base de Punggye-ri, de acordo com o jornal "Joongang Ilbo".
Embora o ambiente seja de total normalidade no Sul, acostumado com o que denominam "provocações" do vizinho, neste sábado aconteceu um confronto de ativistas em uma região fronteiriça, depois que um grupo de dissidentes do Norte enviasse balões com propaganda em direção ao seu país.
Como protesto pelo teste nuclear e ajudados pelos ventos, norte-coreanos refugiados no Sul lançaram mensagens para tentar demonstrar aos seus conterrâneos a pior face da ditadura do país.
As Coreias do Norte e Sul, que permanecem em estado técnico de guerra desde o conflito que as separou há seis décadas (1950 a 1953), experimentam desde o teste nuclear um de seus momentos de maior tensão, que pode-se agravar em breve, se a ONU impor novas sanções ao vizinho comunista.