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ECONOMIA – Alta de matérias-primas acabou, diz FMI

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO


Os países exportadores de matérias-primas, como o Brasil, devem se preparar para um período de vacas magras no mercado de commodities.

O alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) reacendeu, nesta semana, o debate sobre os impactos da desaceleração econômica mundial neste mercado.

Em um capítulo especial sobre commodities no relatório Panorama da Economia Mundial, o FMI indica que a "era de ouro" das matérias-primas chegou ao fim.

"Nos próximos anos, os preços das commodities não devem crescer no forte ritmo da década passada", diz. Para 2012 e 2013, o fundo prevê queda de 10,3% e 2,1%, respectivamente -o cálculo é para um grupo de commodities, excluindo combustíveis.

Em linhas gerais, três fatores justificam essa avaliação. O primeiro é a incerteza que ronda o crescimento mundial no curto prazo. Como a produção industrial afeta a demanda por commodities, o nível de atividade tem impacto direto nos preços.

O risco, porém, é diferente para cada tipo de commodity. Os preços dos metais e de energia, destaca a instituição, são mais sensíveis à desaceleração econômica.

O segundo fator é a desaceleração econômica acima do esperado nos países emergentes, especialmente a China, onde o alto nível dos estoques também preocupa.
Por fim, o crescimento da oferta de algumas matérias-primas, incentivada pela alta dos preços nos últimos anos, compõe a terceira influência de baixa para os preços.

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, traz mais um elemento para o debate: o movimento especulativo dos fundos de investimento, que, segundo ele, elevaram os preços no primeiro trimestre deste ano.

"Há um risco grande de queda significativa nos preços das commodities se os desdobramentos da crise na zona do euro gerarem maior aversão ao risco, o que levaria os especuladores a sair do lado comprador", afirma.

LONGE DO FIM

Mas ainda há quem defenda que China continuará sustentando o mercado de commodities, mesmo em um ambiente de maior volatilidade.

Para os analistas do banco Barclays, o processo de urbanização chinês está longe do fim e permanecerá como principal influência para os minérios na próxima década.
Hoje, cerca de 50% dos chineses vivem nas cidades. No Brasil, esse índice é de 87%.
O consumo de matérias-primas na China está longe de saturar, diz o Barclays. "O consumo acumulado de aço na China após 1945 representa de um terço a um quinto do de países desenvolvidos."

Até 2015, o Barclays estima, para a China, crescimento médio entre 3,5% e 4% para a produção de aço, que tem o minério de ferro como principal matéria-prima.
A influência da urbanização chinesa também é positiva para os produtos agrícolas, pois as mudanças sociais devem modificar os hábitos alimentares no país.
 

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