O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse em entrevista publicada neste domingo que uma intervenção de potências ocidentais no seu país provocaria um "terremoto" em todo o Oriente Médio.
Em rara entrevista ao jornal britânico Sunday Telegraph, Assad disse que uma eventual ação ocidental poderia transformar a Síria em um "novo Afeganistão", em referência ao país que foi invadido por tropas lideradas pelos Estados Unidos e segue em conflito uma década depois da ocupação.
"A Síria é o centro desta região. É a fratura geológica, e se você brinca com o chão, você vai provocar um terremoto", disse Assad ao jornal.
"Qualquer problema na Síria queimará toda a região. Se o plano [do Ocidente] é dividir a Síria, isso é dividir a região inteira. Você quer ver mais um Afeganistão, ou dezenas de 'Afeganistões'?"
Apelo
As Nações Unidas voltaram a fazer um apelo neste final de semana pelo fim da repressão na Síria e por reformas profundas. Pelo menos 50 civis e integrantes das forças de segurança do país morreram no sábado, segundo fontes de ambos os lados.
Ativistas dizem que 21 civis morreram em um bombardeio no distrito histórico de Homs, na região central do país. Já o governo afirmou que 20 soldados morreram em Homs, e outros 10 integrantes das forças de segurança foram mortos em uma emboscada na província de Idlib.
Mais de 3 mil pessoas morreram nos confrontos entre governo e manifestantes desde março, quando começou uma série de protestos no país.
Ao Sunday Telegraph, Assad disse prever que os países ocidentais "vão aumentar a pressão [contra o seu governo], definitivamente".
O presidente sírio reconheceu que foram cometidos "muitos erros" pelas suas forças de segurança no começo dos protestos, mas ele afirma que agora "apenas terroristas" estão sendo atacados.
Assad também disse que não seguiu o mesmo rumo tomado por outros líderes da região diante da Primavera Árabe.
"Nós não seguimos o rumo do governo teimoso. Seis dias depois [do início dos protestos], eu dei início a reformas", afirmou Assad.
O presidente sírio descreveu as manifestações na região como uma "batalha entre o islamismo e o pan-arabismo".
"Nós estamos lutando contra a irmandade muçulmana desde os anos 50, e nós ainda estamos lutando contra eles", afirmou Assad.
A Liga Árabe disse no sábado que enviou uma "mensagem urgente" ao regime sírio de que a "matança contínua de civis" em protestos contra o governo precisa acabar.