A Rússia está decidida a retirar seu apoio diplomático ao Irã se o país islâmico manter seu processo judicial contra Moscou pelo governo russo negar o fornecimento de mísseis antiaéreos S-300, medida alinhada com as sanções internacionais impostas pela ONU.
"Apoiamos, mantemos uma postura construtiva nas negociações nucleares e veja como nos pagam", argumentou uma fonte governamental russa citada nesta sexta-feira pelo jornal Kommersant.
A Rússia, que havia assinado nos últimos anos vários contratos multimilionários de venda de armas a Teerã, considera que o comportamento do país islâmico não é correto, e adverte que a disputa judicial pode passar ao plano político.
"Já informamos ao Irã que a reclamação não contribui para o desenvolvimento de nossas relações, mas nossos pedidos para que retirem os documentos dos tribunais não foram ouvidos", disse um porta-voz da presidência russa.
Em uma última tentativa de convencer o governo iraniano, o Kremlin enviará em breve a Teerã uma nova delegação governamental antes que sejam retomadas as negociações entre o Irã e as grandes potências.
"Se recebermos uma nova recusa, o Irã ficará sozinho nas negociações nucleares com a comunidade internacional", afirmou o porta-voz. Entretanto, a fonte do Kremlin acredita que a Rússia não precisará recorrer à "artilharia diplomática pesada" para solucionar o problema. "Por enquanto, as negociações com o Irã não estão sendo fáceis, mas esperamos conseguir um acordo sem chegar aos tribunais", indicou.
A Rússia se manifestou no ano passado, surpreendida pela decisão iraniana de apelar aos tribunais em vez de optar por um compromisso.
Moscou alega que o então presidente russo, Dmitri Medvedev, ordenou suspender em 2010 a provisão de armamento pesado – mísseis, tanques, aviões, carros blindados e navios de guerra -, em cumprimento da resolução 1.929 do Conselho de Segurança da ONU.
Por outro lado, Teerã argumenta que os S-300 não estão envolvidos na resolução e, apesar de recuperar o desembolso inicial da parte russa, insiste em reivindicar o pagamento de compensações por supostos prejuízos.
O Irã suspeita que o Kremlin tenha congelado a operação por motivos políticos em meio ao reinício das relações diplomáticas com os Estados Unidos.