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Dominó Árabe – Regime está ‘ruindo’ e só controla 30 por cento da Síria, afirma ex-premiê de Assad

Após fugir da Síria na semana passada, o ex-primeiro-ministro de Bashar Assad rompeu ontem o silêncio, dizendo que a ditadura de Damasco está "ruindo", o que coloca o regime em um estado mais débil do que pensam autoridades e jornalistas. "As forças sírias estão enferrujando e só controlam 30% do território", disse Riad Farid Hijab na Jordânia, onde está asilado desde o dia 6. Segundo ele, Assad não tem meios para controlar a rebelião.

"Com base em minha experiência e minha posição, (afirmo que) o regime está ruindo moralmente, materialmente e economicamente", afirmou o ex-premiê. Hijab garantiu que vários funcionários de médio e alto escalão do governo sírio – "líderes com dignidade" – estão prestes a desertar, mas têm medo.

As alegações do dissidente sírio não podem ser verificadas de modo independente, pois Damasco impõe um estrito controle sobre o trabalho de jornalistas no país. Elas vêm à tona enquanto forças de Assad apertam o cerco a Alepo, metrópole síria que nas últimas semanas ficou sob controle dos insurgentes.

Tampouco está claro qual é a influência real de Hijab sobre funcionários que ainda servem ao governo sírio. Em condição de anonimato, autoridades ocidentais afirmam que os relatos do ex-premiê de Damasco condizem com os de outros desertores do regime.

Hijab contou ainda que decidiu fugir de carro até a fronteira jordaniana depois que o governo ameaçou sua família – que agora está sob proteção dos insurgentes do Exército Sírio Livre (ESL). "Eu me sacrifiquei em uma luta por Justiça. Não quero satisfazer a ninguém a não ser Deus."

A entrevista aos jornalistas terminou com um apelo pela união entre os opositores sírios. O objetivo, completou Hijab, é alcançar na Síria "um Estado civil e democrático que preserve os direitos, a justiça e a dignidade de todos os sírios".

O desertor pediu ainda que militares sírios abandonem Assad. "Exorto o Exército da Síria a seguir o exemplo do Egito e da Tunísia e tomar o lado do povo."

Apoio externo. Se o relato do ex-premiê e de outras autoridades sírias que mudaram de lado for preciso, Assad está perdendo poder enquanto o país aproxima-se cada vez mais de um cenário de "guerra por procuração". De um lado, potências ocidentais e monarquias do Golfo apoiam com armas, informação e treinamento os insurgentes. De outro, o Irã e o grupo libanês Hezbollah dão apoio às forças de Assad.

Ontem, os EUA voltaram a acusar Teerã de apoiar Damasco. O chefe do Estado-Maior do Pentágono, general Martin Dempsey, afirmou que iranianos estão apoiando com armas e treinamento milícias pró-Assad na Síria.

Dempsey ainda disse que o MiG-21 que caiu na segunda-feira foi derrubado pelos insurgentes. Ele negou que o caça tenha sido atingido por um míssil terra-ar – armamento sofisticado que dificilmente entraria na Síria sem o apoio de um governo -, afirmando que o vídeo da queda do avião indica o uso de artilharia antiaérea. A Síria disse que a aeronave caiu em razão de problemas mecânicos. Além da filmagem do MiG caindo, o ESL postou na internet o depoimento de um homem dizendo ser o piloto do caça.

Ontem, outro vídeo dos insurgentes no YouTube causou polêmica. A gravação mostra o depoimento de um homem em poder dos rebeldes que diz ser do Hezbollah. Cercado por guerrilheiros, ele "admite" ter ido à Síria para ajudar o regime de Assad. Um grupo de dezenas de iranianos continua refém do ESL em local desconhecido da Síria. Os insurgentes afirmam que os iranianos são membros da Guarda Revolucionária, a força pretoriana do Irã, e teriam sido enviados à Síria para lutar em nome de Assad. Teerã garante que os iranianos são peregrinos xiitas.

Em 18 meses, a guerra civil síria já deixou pelo menos 15 mil mortos e dezenas de milhares de feridos, segundo cálculos das Nações Unidas. / Via REUTERS e AP

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