Dezenas de milhares de manifestantes exigiram nesta terça-feira, na cidade síria de Homs, proteção internacional aos observadores da Liga Árabe que verificam o cumprimento de um acordo de paz por parte do regime do presidente Bashar Al-Assad.
Os manifestantes protestaram assim que os monitores chegaram a Homs. A Liga Árabe afirma que o primeiro dia dos observadores na cidade foi "muito bom".
Homs tem sido um dos principais focos de resistência dos militantes que exigem a saída de Assad. Segundo ativistas de oposição, 13 pessoas foram mortas pelas forças de segurança na cidade nesta terça-feira.
Relatos indicam que os tanques do exército foram retirados da cidade horas antes da chegada da delegação. No entanto, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede em Londres, afirma que vários tanques permaneceram em Homs, escondidos dentro de prédios.
A ONU e grupos de defesa dos direitos humanos estimam que 5 mil pessoas já morreram devido a choques entre ativistas e forças do governo desde o início de uma onda de protestos contra o regime, em março deste ano.
Batismo de fogo
O correspondente da BBC em Beirute (Líbano) Jim Muir afirma que a visita à cidade foi um "batismo de fogo" para os monitores, que, depois de se reunir com o governador de Homs, viajaram ao distrito de Baba Amr, um dos principais alvos das ações das forças de segurança.
No local, segundo Muir, os observadores foram cercados por residentes furiosos, que queriam mostrar os danos causados ao bairro e as poças de sangue, enquanto tiros eram disparados nas proximidades.
Vídeos mostram moradores discutindo com os monitores, tentando levá-los para dentro de Baba Amr para ver as vítimas e gritando "queremos proteção internacional" e "onde está o mundo?".
Há relatos de mais violência em Homs, mesmo durante a presença dos observadores. Os Comitês de Coordenação Local da Síria, que são um grupo de oposição, afirma que 13 pessoas foram mortas na cidade nesta terça-feira.
O chefe dos monitores, o general sudanês Mustafa Dabi, disse estar otimista com a missão. "Hoje foi muito bom, e todos os lados colaboraram", disse ele à agência Reuters.
A caminho de Damasco, Dabi disse que voltará a Homs nesta quarta-feira. Segundo ele, o restante da equipe permanecerá na cidade.
Resultados díspares
No entanto, o correspondente da BBC em Beirute diz que os resultados da inspeção foram, na melhor das hipóteses, díspares, mostrando à equipe o quão complexa é a situação na Síria.
Os números de mortos e demais informações relativas aos confrontos na Síria são difíceis de verificar, já que jornalistas estrangeiros são proibidos de trabalhar no país.
O governo da Síria afirma que está combatendo grupos de terroristas armados, e que centenas de integrantes das forças de segurança também foram mortos nos protestos.
A missão da Liga Árabe, que deve chegar a algo entre 200 e 300 monitores, tem como objetivo verificar se o governo sírio está cumprindo com a promessa de retirar todas as suas tropas das ruas nas áreas de conflito.
O governo afirma que os monitores terão total liberdade de movimento dentro do país. O regime sírio, que já foi alvo de sanções internacionais, corre o risco de novas represálias caso não cumpra com o acordo.