Primeiro foi a vez de a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, acusar a Rússia de enviar helicópteros de ataque à Síria. Com o tempo, outros acontecimentos correlacionados tomaram conta das páginas de jornais e canais de televisão mundo afora. Mas até que ponto os veículos internacionais estão apresentando dados concretos e contribuindo para resolver a questão?
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, acusou recentemente a Rússia de estar enviando helicópteros de combate à Síria. Segundo a norte-americana, os veículos seriam usados pelas tropas oficiais contra a população.
Embora Hillary não tenha citado nenhum fato específico, a notícia correu o mundo inteiro e foi intensamente comentada pelos principais veículos de comunicação.
Pouco tempo depois, porém, foi constatado que a Rússia não estava enviando arma alguma à Síria. Até mesmo o porta-voz do Pentágono teve de admitir que a notícia posta em circulação pela chefe da diplomacia americana não correspondia à verdade. Mesmo assim, a secretária de Estado não achou necessário fazer um pedido público de desculpas. Segundo sua assessora, Hillary Clinton não havia se referido às aeronaves novas, mas àquelas enviadas de volta aos sírios depois de passaram por um reparo.
Versão final
Na verdade, a situação é a seguinte: a Síria possui cerca de cem helicópteros Mi-8 e Mi-17 (versão atualizada do anterior).
Os especialistas no assunto sabem que o Mi-8/17 é um helicóptero de carga. Embora possa ser transformado em um helicóptero de combate se for equipado com metralhadoras e mísseis não guiados, isso é responsabilidade do comprador.
Acusar o governo de Moscou de contribuir pela “matança de cidadãos sírios” é responsabilizá-lo por aquilo que está fora de seu controle.
Cabe lembrar, por exemplo, que os EUA fornecem armas (no valor de US$ 5 a 7 bilhões por ano) a seus aliados árabes, a Arábia Saudita e Qatar, sabendo muito bem que suas armas caem direto nas mãos da oposição síria.
Conflito de mídia
As armas norte-americanas são usadas com frequência cada vez maior nos massacres perpetrados não só contra os seguidores do presidente Assad, mas também contra os cristãos, como aconteceu em Homs.
Apesar de o ministro russo das Relações Exteriores, Serguêi Lavrov, ter se pronunciado publicamente sobre esse assunto, a declaração passou desapercebida pelos meios de comunicação internacionais, que se revezavam em desvendar os “planos agressivos dos russos”.
“A inteligência americana acredita que a Rússia enviou um navio para defender sua base logística naval no porto sírio de Tartus”, anunciou a rede de televisão CNN.
Segundo as imagens captadas por satélites de reconhecimento, o navio “Nikolai Fílchenkov” teria sido carregado no porto de Sevastópol em 7 de junho e estava seguindo em direção a Tartus. O detalhe é que, enquanto essa notícia circulava nos veículos norte-americanos, o “Fílchenkov” estava no porto de Sevastópol, onde permanece até hoje.
Ainda assim, a campanha de informação continua. Os últimos dias tem sido marcados por notícias de que embarcações russas com helicópteros foram interceptadas na costa escocesa ou navios de guerra russos da Esquadra do Mar Negro estão prestes a executar missões específicas no porto sírio de Tartus, entre muitas outras coisas.
A única verdade, contudo, é que em um país dilacerado por uma guerra civil quaisquer exercícios militares são impensáveis. O ministério da Defesa, depois de um longo silêncio, disse o que já era claro: não há intenção alguma de interferir no conflito.