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Discurso de Obama desagrada Israel e é bem recebido pelos palestinos

Em seu discurso voltado para a política no mundo árabe, o presidente norte-americano, Barack Obama, assegurou o apoio dos Estados Unidos para os povos da região. A prioridade máxima, disse Obama nesta quinta-feira (19/05) em Washington, é promover reformas e a mudança democrática.

Obama fez menção a cada uma das regiões de conflito em seu discurso. Para a Líbia, ele previu que o ditador Muammar Kadafi deixará o país. Quanto à Síria, disse que o presidente Bashir al-Assad tem a opção de guiar as reformas ou ir embora.

Do presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, o presidente norte-americano exigiu que ponha em prática sua promessa de transferência de poder. Para o Egito e a Tunísia, países cujos governos foram derrubados através de revoltas populares, Obama prometeu ajuda financeira concreta.

Quanto ao conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio, Obama apelou a ambas as partes para que retomem as conversações de paz. Como base para uma solução pacífica, pela primeira vez o presidente norte-americano sugeriu a determinação dos territórios palestinos segundo as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967. A sugestão de Obama previu ainda a troca de territórios por mútuo acordo.

Reação de Israel

Numa primeira reação, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou a ideia de um Estado palestino conforme as fronteiras de antes de 1967. Pouco antes de voar para Washington, onde se encontra com Obama nesta sexta-feira (20/05), o chefe de governo israelense disse que a criação de um Estado palestino não deveria ocorrer às custas da existência de Israel.

Nesse contexto, Netanyahu lembrou a Obama uma promessa de 2004 do governo dos EUA, segundo a qual não se espera uma retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967. Caso contrário, Israel não poderia mais "ser defendido", disse Netanyahu.

Em sua declaração, Netanyahu disse que Obama não teria tratado, em seu discurso, dos problemas dos refugiados palestinos. Sem uma solução para esse problema fora das fronteiras de Israel, concessões territoriais não poderiam pôr fim ao conflito, acresceu

Saudações da Palestina

O governo palestino, por outro lado, saudou os esforços dos EUA para impulsionar o processo de paz. Imediatamente após o discurso de Obama, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, convocou as lideranças da Autoridade Palestina para uma reunião de emergência.

Além disso, o presidente Mahmoud Abbas pretendia consultar as lideranças árabes, declarou Saeb Erekat, chefe das negociações de paz pelo lado palestino, em Ramalá. Por sua vez, os radicais islâmicos do Hamas exigiram que Obama "aja concretamente para defender os direitos dos palestinos e da nação árabe".

Discurso inconsistente para egípcios

No Egito, o discurso de Obama foi recebido com frieza ou mesmo de forma negativa. Principalmente as considerações quanto aos diversos regimes da região foram consideradas inconsistentes pelos críticos. Citando Essam al-Erian, um dos líderes da Irmandade Muçulmana, a emissora Al Jazeera escreveu em seu site que o discurso de Obama foi "decepcionante"

"A mão protetora dos EUA para presidentes ditatoriais na Síria, Iêmen e Barein continuará como está", disse al-Erian. Além disso, o discurso "não conteve nenhuma decisão clara quanto à retirada imediata do Iraque ou do Afeganistão". Após a saída do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro último, a Irmandade Muçulmana é considerada a força política mais bem organizada no Egito.

Brecha histórica

Ainda na quinta-feira, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, declarou que o discurso de Obama seria um forte sinal do apoio à mudança democrática no norte da África e no mundo árabe. Westerwelle saudou o fato de Obama "ter se comprometido de forma tão clara e engajada com a meta de uma solução de dois Estados abrangente e justa no Oriente Médio".

Para Westerwelle, o encontro entre Obama e o primeiro-ministro israelense, nesta sexta-feira em Washington, poderá trazer progressos para o processo de paz. À emissora alemã Deutschlandfunk, Westerwelle declarou que "para nós, o importante é que temos no momento uma brecha histórica no Oriente Médio, no norte da África, no mundo árabe".

CA/dpa/ret/dw/afp
Revisão: Alexandre Schossler

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