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Diplomatas da UE: Israel está se apropriando da Cisjordânia

Os chefes das delegações europeias em Ramala e Jerusalém advertiram Bruxelas de que está se fechando rapidamente a possibilidade de uma solução de dois Estados ao conflito entre israelenses e palestinos, devido à progressiva apropriação da Área C da Cisjordânia por Israel.

Em um documento interno elaborado pelos cônsules e diplomatas europeus ao qual a Agência Efe teve acesso, são sugeridas diversas medidas para que a União Europeia (UE) "apoie os esforços de construção estatal palestina" nessa área, que compreende 62% do território palestino ocupado da Cisjordânia e que os israelenses "estão progressivamente integrando a Israel".

O relatório, elaborado em julho e apresentado em Bruxelas em dezembro, aponta que através de medidas administrativas e de planejamento urbano Israel "mina a presença palestina na Área C", uma tendência que "piorou no último ano e que, se não for interrompida e corrigida, tornará mais remoto do que nunca o estabelecimento de um Estado palestino viável nas fronteiras anteriores a 1967".

Para isso, propõe estimular Israel a mudar sua política e ajudar a reduzir a vulnerabilidade da terra e da população, oferecer uma melhor coordenação do acesso a necessidades básicas, promover o desenvolvimento econômico e melhorar a ação humanitária e de desenvolvimento na Área C.

Os acordos de paz de Oslo (1993) dividiram a Cisjordânia em três zonas: a C, na que Israel exerce absoluto controle administrativo e de segurança; a B, que compõe 20% do território cisjordaniano e na qual o Estado judeu tem o controle da segurança, e A (18% do território), governada pelos palestinos.

A Área C é o único território contínuo e comunica as localidades isoladas das zonas A e B, nas quais residem 96% da população, motivo pelo qual sem ela os palestinos nunca teriam um Estado geograficamente viável e se veriam reclusos em uma série de pontos isolados.

O relatório europeu descreve em detalhes como Israel comete múltiplas violações da legislação internacional nessa área, entre elas a expulsão forçada dos palestinos, a demolição de suas casas e edifícios públicos, a proibição da construção e a restrição de seu acesso a grandes áreas.

O Exército israelense também impede o desenvolvimento de infraestruturas necessárias para o desenvolvimento e incentiva e financia o estabelecimento de colonos na região, que cada vez são mais violentos e perpetram mais ataques contra a população local, segundo o documento.

Para contornar a situação, os diplomatas europeus pedem que "se persiga em nível político" a reclassificação de partes da Área C como A e B.

Também demandam que sejam realizadas ações como "pedir uma cessação imediata das demolições até que os palestinos tenham acesso a um planejamento justo e não discriminatório", além de "apoiar a presença palestina oferecendo acesso à água potável, alimentos e apoio psicossocial".

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