O governo ucraniano disse que suas tropas conseguiram desmantelar postos de controle erguidos por milícias pró-Rússia na cidade de Sloviansk e que pelo menos cinco "terroristas" forma mortos na operação.
Em outra cidade da região leste do país, Mariupol, o governo diz que conseguiu expulsar milicianos que ocupavam a prefeitura.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que se o governo da Ucrânia usasse seu Exército contra "seu próprio povo", isso poderia ter "consequências sérias".
Enquanto aumenta o número de mortos e os confrontos se intensificam no país europeu, o Ocidente considera suas opções sobre como lidar com a situação, em particular com uma eventual ação militar russa.
Até agora, os Estados Unidos têm insistido em sanções a membros do governo russo como forma de pressionar o país, mas outras opções também podem ser consideradas.
Veja abaixo as possíveis linhas de ação que têm sido consideradas:
Ater-se à diplomacia
O caminho óbvio para aumentar a pressão diplomática – o Conselho de Segurança da ONU – está bloqueado porque a Rússia é membro permanente e pode vetar qualquer ação proposta. Outros órgãos da ONU, como a Assembleia Geral, poderão aprovar resoluções não compulsórias, mas a Rússia poderá simplesmente ignorá-las.
Onde é possível, o Ocidente tem feito movimentos para isolar a Rússia, como cancelar uma reunião do G8 no início do ano e suspender a adesão de Moscou. Mas a Rússia não pode ser expulsa tão facilmente do Conselho de Segurança ou da Organização Mundial do Comércio, que Moscou esperou tanto tempo para integrar. Os países podem ainda suspender vistos e aplicar outras restrições nas relações com a Rússia.
Há sempre um ponto de interrogação sobre medidas punitivas. Elas ajudam ou são um obstáculo? Como princípio geral, países do Ocidente pregam publicamente os benefícios do diálogo e consideram o isolamento uma medida extrema.
Mas o diálogo não foi capaz de impedir o avanço russo – ou forçar uma mudança de atitude de Moscou. A Rússia agiu rápido anexando a Crimeia, e o pior cenário é que o país poderia integrar outras partes da Ucrânia, como áreas com grandes populações de etnia russa.
A opção militar
Aeronaves já foram mobilizadas para patrulhar o espaço aéreo do Báltico e jatos dos Estados Unidos estão realizando exercícios na Polônia. Unidades de paraquedistas estão sendo enviadas para Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia.
Exercícios militares de pequena escala serão realizados e poderão continuar ao longo deste ano. Eles provavelmente são adequados para tranquilizar aliados da Otan na região – mas não o suficiente como uma arma de dissuasão.
É quase inimaginável que a atual crise na Ucrânia possa levar a um confronto militar em grande escala entre a Otan e a Rússia. A Otan não vai enviar tropas à Ucrânia. Se a Rússia enviar suas tropas para a região leste da Ucrânia, a resposta provavelmente será através de sanções econômicas severas – e não uma ação militar.
No entanto, qualquer movimento por parte da Rússia para ameaçar ou desestabilizar as repúblicas bálticas poderá levar a um potencial confronto militar.
A longo prazo, é improvável que a Otan eleve gastos com defesa e a aliança vai ter que analisar novamente uma forma melhor de defender os países membros que vivem perto das fronteiras da Rússia.
Ampliar sanções econômicas
É provável que haja uma divisão entre a UE e os Estados Unidos sobre a possibilidade de ampliar as sanções econômicas. Empresas europeias têm laços muito mais estreitos com a Rússia, e a recuperação econômica da zona do euro continua frágil.
Os Estados Unidos têm muito menos negócios com a Rússia, e poderiam ir muito mais longe em suas medidas. O governo americano já impôs sanções ao Banco Rossiya e congelou bens e proibiu vistos de políticos, empresas e figuras militares russas. Especialistas acreditam que o primeiro passo seria ampliar esta lista de sanções.
Novas sanções poderiam ter como alvo uma ampla lista de empresas estatais, incluindo aquelas que vão além do círculo íntimo do presidente Putin.
Mas o Ocidente não parece estar disposto a atacar o setor de energia da Rússia, tendo em conta a dependência da Europa do gás russo e possíveis represálias de Moscou. Por isso, os Estados Unidos estariam sozinhos.
Não fazer nada
O Ocidente pode acreditar que suas sanções moderadas, a retórica e a postura militar podem deter a Rússia.
No entanto, alguns especialistas em política russa sugerem que o presidente Vladimir Putin está tentando forjar uma "Grande Rússia" usando uma retórica anti-Ocidente e uma filosofia de contornos místicos. Outros dizem que seu objetivo é trazer ordem a uma parte caótica do mundo.
Se a aposta em "não fazer nada" falhar, as repercussões poderão ser sentidas em todo o mundo. Líderes de países menos ilustres do que a Rússia poderão se sentir encorajados a anexar pedaços de terra que sempre cobiçaram, rebeliões como a ocorrida na Crimeia poderão se repetir, ameaçando a estabilidade e o desenvolvimento econômico.
Em suma, não fazer nada pode ser a maior aposta de todas.