Esse tipo de iniciativa, quando adotada por outros países, foi amplamente tachada de repressiva e condenada.
Em janeiro, autoridades egípcias interromperam os serviços de internet e telefonia móvel durante as manifestações em massa contra o então presidente Hosni Mubarak. A China costuma ser rápida no bloqueio de comunicações online que considere subversivas.
Polícia e políticos britânicos dizem que redes sociais da web, em especial o popular Blackberry Messenger (BBM), da Research in Motion, foram usadas por desordeiros e saqueadores para coordenarem seus atos durante os quatro dias de distúrbios na Inglaterra nesta semana.
"Estamos trabalhando com a polícia, os serviços de inteligência e a indústria para ver se seria correto interromper a comunicação das pessoas via websites e serviços quando soubermos que eles estão conspirando para a violência, desordem e criminalidade", disse Cameron ao Parlamento, durante uma sessão de emergência marcada por causa dos distúrbios no país.
Boa parte dos desordeiros preferiu o BBM ao Twitter e outras mídias sociais porque suas mensagens são criptografadas e privadas. A Research in Motion informou na segunda-feira que está cooperando com todas as autoridades de órgãos regulatórios, da Justiça e das telecomunicações, mas não quis informar se iria entregar detalhes de usuários ou de conversas para a polícia.
Os serviços criptografados da RIM vêm sendo acusados de ter auxiliado ataques de militantes na Índia e de permitir na Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos conversas de homens e mulheres sem parentesco – o que é vetado pelas normas religiosas desses países. Em agosto de 2010, uma fonte que acompanhou as conversações entre a RIM e autoridades sauditas disse que a empresa havia concordado em entregar informações que permitiriam monitorar o BBM.
A mídia social online também foi amplamente usada pelo público britânico nos últimos dias para troca de informações para ajudar a evitar locais de distúrbios e coordenar a limpeza das ruas depois das desordens. O BBM tem mais de 45 milhões de usuários ativos, 70 por cento dos quais o usam diariamente, enviando todo mês bilhões de mensagens, fotos e outros arquivos.
Um ex-funcionário do alto escalão da agência de comunicação de inteligência britânica GCHQ, John Bassett, disse que as autoridades deveriam evitar agir com mão de ferro, reprimindo a mídia social e, em vez disso, buscar a ajuda da população contra os agitadores. Basset está atualmente no Royal United Services Institute. "Uma abordagem muito melhor seria a de encorajar e apoiar pessoas e comunidades a identificar ações alarmantes na mídia social e até se pronunciarem na internet contra extremistas e criminosos, como também assegurar que a polícia tenha a capacidade a apoio técnico para obter dados de inteligência prévios e operacionais da mídia social, quando necessário", afirmou.