Quarenta e quatro soldados afegãos visitando os Estados Unidos para receber treinamento militar desapareceram em menos de dois anos, supostamente na tentativa de morar e trabalhar ilegalmente no país, disseram autoridades do Pentágono.
Embora o número de desaparecidos seja relativamente pequeno, uma vez que cerca de 2.220 soldados afegãos receberam treinamento militar nos EUA desde 2007, os incidentes despertam questionamentos sobre a segurança e os procedimentos de verificação dos programas.
As deserções também podem causar constrangimento para o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, que gastou bilhões de dólares treinando tropas do Afeganistão enquanto Washington tenta se retirar da custosa guerra de 15 anos.
A revelação pode dar combustível às críticas de apoiadores do candidato presidencial republicano Donald Trump, que já acusou o governo Obama de falhar na averiguação de imigrantes de países de maioria muçulmana e prometeu uma postura muito mais rígida se vencer a eleição de novembro.
Embora outros grupos de soldados estrangeiros visitando o país para receber treinamento militar tenham fugido em algumas ocasiões, um funcionário da Defesa dos EUA disse que a frequência dos desaparecimentos de militares afegãos é preocupante e "fora do normal".
Só de setembro para cá, oito soldados afegãos deixaram bases militares sem autorização, disse o porta-voz do Pentágono, Adam Stump, à Reuters. Ele informou que o número total de militares afegãos que desapareceram desde 15 de janeiro é de 44, cifra que não havia sido divulgada anteriormente.
"O Departamento de Defesa está estudando formas de aprimorar os critérios de seleção para treinamento de maneiras que irão reduzir a probabilidade de um indivíduo afegão evadir o treinamento intencionalmente nos EUA e partir sem autorização", disse Stump.
Os afegãos incluídos no programa de treinamento norte-americano são analisados para se ter certeza de que não cometeram abusos de direitos humanos e não são filiados a grupos militantes antes de terem permissão de entrar nos EUA, informou o porta-voz.
O funcionário da Defesa, que falou sob condição de anonimato, acrescentou que não existem indícios de que qualquer um dos foragidos cometeu crimes ou que representa uma ameaça aos EUA.
O Exército do Afeganistão foi infiltrado em algumas ocasiões por militantes do Taliban que realizaram ataques contra tropas norte-americanas e afegãs, mas tais incidentes se tornaram menos frequentes graças a medidas de segurança mais rígidas.