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Desinformação e Ficção Enganosa: artigo publicado em G1 busca associar todas as CACs ao PCC

Redação DefesaNet

Em um artigo recente publicado no G1 (Globo News), fica evidente que o debate sobre o desarmamento da população é um terreno delicado. A disseminação de informações tendenciosas e a criação de narrativas distorcidas são questões sérias, especialmente quando se trata de temas sensíveis como a posse de armas.

A reportagem em questão busca associar todos os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) ao PCC (Primeiro Comando da Capital). No entanto, essa associação a todas CACs carece de evidências claras e pode ser considerada um erro jornalístico. Generalizar toda uma categoria com base em casos isolados pode prejudicar a imagem daqueles que seguem rigorosamente as regras para a posse legal de armas.

Vamos aos números: em 2018, havia cerca de 117.467 CACs registrados no Brasil. No entanto, durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, esse contingente cresceu significativamente, chegando a 673.818 CACs até 1º de julho de 2022. É importante contextualizar esses números, lembrando que a maioria dos CACs está envolvida em atividades esportivas ou de colecionismo, seguindo as normas legais.

Enfatizamos que a disseminação de informações tendenciosas e a criação de narrativas distorcidas são questões sérias, e a mídia deve abordar esses temas com responsabilidade e imparcialidade.

Ficção Enganosa é um termo que se refere a narrativas ou informações que combinam elementos fictícios com fatos reais, com o potencial de enganar ou confundir o público. Essa mistura pode ser usada para criar histórias envolventes, mas também pode ser perigosa quando não é claramente identificada como ficção. Em resumo, a ficção enganosa é uma forma de comunicação que brinca com a linha entre realidade e imaginação, muitas vezes com intenções específicas.

Artigo Publicado: 11/09/2024 – https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/09/11/video-alem-de-fornecer-armas-e-municao-cacs-treinaram-integrantes-do-pcc-para-ataques-de-novo-cangaco-em-sp.ghtml

Além de fornecer armas e munição, CACs treinaram integrantes do PCC para ataques de ‘novo cangaço’ em SP

Na marca – CACs treinaram membros do PCC – fica claro que há um interesse em generalizar todos os CACs – imagem reprodução

Investigação apontou que colecionadores e atiradores ensinaram a integrantes da facção a manusear e atirar com fuzil. Armas com registros legais foram usadas para assaltos violentos a bancos e transportadora de valores

Uma investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apontou que Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) treinaram integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) a manusear e atirar com armas de fogo com alto poder de destruição como treinamento para ataques conhecidos como “novo cangaço” ou “domínio de cidades”.

Nesse tipo de ação, os criminosos usam violência e armamento pesado para fazer roubos a bancos, caixas eletrônicos, carros-forte e transportadoras de valores, normalmente acompanhados de muita violência e terror social.

Colecionadores de armas, atiradores e caçadores se tornaram fornecedores de armas e munições para facções criminosas no país, de acordo com operações da PF e do MP-SP de São Paulo e da Bahia.

Em 2019, o governo de Jair Bolsonaro (PL) flexibilizou as regras dos CACs, o que permitiu que mais pessoas tivessem acesso a armas por meio dessa modalidade. Com as mudanças, o número de novas armas registradas por ano saltou de 59 mil, em 2018, para 431 mil em 2022 – último do mandato do ex-presidente.

Treinamento com fuzil

Um vídeo obtido pelos promotores e delegados mostra quando o investigado Otávio de Magalhães, que tem registro como CAC, explica para dois integrantes do PCC – Elaine Garcia e seu companheiro, Delvane Lacerda (vulgo Pantera) – a usarem um fuzil.

De acordo com a PF e o MP, Otávio responde por porte irregular de arma de uso restrito e tinha a função de comprar e vender de maneira ilegal armamento e munição para a facção criminosa. Quem é CAC pode comprar armas e munições legalmente, mas não revendê-las.

Na casa de Otávio Magalhães, os investigadores relatam terem encontrado “verdadeiro arsenal bélico, como dezenas de armas de fogo com e sem registro, milhares de munições, acessórios, pólvora, artefatos explosivos de fabricação caseira e acionador, “objetos comumente empregados na prática de roubos na modalidade “domínio de cidade”.

Na terça-feira (10), a Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram a segunda fase da Operação Baal e prenderam três pessoas ligadas a ataques do “novo cangaço”. Foram presos:

  • JAKSON OLIVEIRA SANTOS (Dako): integrante do PCC que permaneceu foragido de 2005 até 2024, quando foi preso em outra investigação feita pelo Gaeco de Campinas (SP). Na ocasião, foram apreendidas armas de fogo, acessórios, munições, roupas camufladas e outros objetos usados na prática de crimes violentos (alvo já estava preso e foi cumprido novo mandado de prisão preventiva na cadeia).
  • LAINE SOUZA GARCIA: segundo a investigação, fez o treinamento com o fuzil, e também tinha a função de coordenar o tráfico de drogas, a execução de rivais, o comércio ilegal de armas de fogo e munição.
  • DIOGO ERNESTO NASCIMENTO SANTOS: segundo a investigação, ele foi preso pelo crime de receptação em Rondonópolis (MT). Obteve a liberdade provisória, mas deixou de cumprir as medidas cautelares judiciais e por isso teve o pedido de prisão preventiva deferido. A apuração indica que além de exercer papel fundamental no núcleo financeiro da organização criminosa, estava ligado inclusive à prática de execuções.

Desde o começo do ano, 18 pessoas já foram denunciadas pelo Ministério Público. Na primeira fase da operação, os investigadores prenderam quatro CACs que forneceram armas e munições para o PCC. Esse núcleo da facção financiou pelo menos quatro “domínios de cidade”: Criciúma (SC) (2020), Guarapuava (PR) (2022), Araçatuba (SP) (2021) e Confresa (MT) (2023).

No ataque em Confresa, foi identificado que um dos acusados morava em São Paulo e integrava o PCC. Os elementos colhidos revelaram que essa e outras ações semelhantes foram financiadas por integrantes da facção, que também atuam no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro.

A partir da investigação de Mato Grosso, a PF e os promotores também descobriram outros ataques com financiamento de CACs. Os criminosos são ainda investigados por diversas execuções em Avelino Lopes (PI) e disputa de ponto de venda de drogas em Osasco, na Grande São Paulo, além de outras relações com o crime organizado na lavagem de dinheiro.

“A aquisição de armas pelo PCC não é novidade. Mas a partir do momento em que os CACs conseguem essa facilidade de ter acesso ao armamento, aquisição de munição e acabam não usando e cedendo para os criminosos, isso facilita as ações de domínio de cidade e novo cangaço”, explica o delegado da Polícia Federal Jeferson Di Schiavi.

“O grupo também é investigado por diversas execuções em Avelino Lopes (PI) e pela disputa de território para o comércio de drogas em Osasco, na Grande São Paulo. É um grupo que atua em todo país, mas com base em São Paulo e com grupos bem atuantes no Norte e no Nordeste do país”, complementou o promotor de Justiça Eduardo Veloso.

A GloboNews tentou contato com os alvos citados na investigação, mas até o momento as defesas não foram encontradas para comentar o assunto.

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