Cuba e Irã são os dois países que mais forçaram jornalistas a partir para o exílio nos últimos 12 meses, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que tem sede nos Estados Unidos. "Quase 70 jornalistas foram forçados a exilar-se nos últimos 12 meses, mais da metade procedentes de Irã e Cuba, dois dos países mais repressivos do mundo", afirma o relatório do CPJ divulgado em Nova York. "O Irã, que tem empreendido um cerco em massa contra a imprensa independente nos últimos dois anos, e Cuba, que libertou jornalistas da prisão para forçá-los a abandonar o país, enviaram 18 jornalistas ao exílio", afirma o texto.
Ao contrário de Cuba, o restante da América Latina apresenta uma situação muito boa, já que registra apenas mais um caso, no México, de acordo com o relatório divulgado por ocasião do Dia Mundial dos Refugiados. A prisão, ou a ameaça de prisão, foi o principal motivo para que os jornalistas abandonassem seus países de origem durante o período examinado pelo CPJ, que vai de junho de 2010 até 31 de maio deste ano. O número de 67 jornalistas forçados ao exílio no período é menor que o balanço de 85 casos documentados pelo CPJ em 2010.
Pelo menos 649 jornalistas que enfrentam violência, prisão e assédio se viram obrigados a seguir para o exílio em todo o mundo desde 2001, quando o CPJ lançou o programa de assistência a profissionais da imprensa e começou a documentar de maneira detalhada os casos. Cinco países (Etiópia, Irã, Somália, Iraque e Zimbábue) são responsáveis por quase metade do total de jornalistas expulsos de seus países na década passada.
A grande maioria (91%) não pôde retornar para casa.
"Para centenas de jornalistas, os obstáculos legais, as diferenças de idioma e os desafios para encontrar trabalho em um novo país podem ser profissionalmente devastadores", afirma o documento. O estudo em longo prazo do CPJ mostra que apenas 22% dos jornalistas que permanecem no exílio estão atualmente vinculados a trabalhos nos meios de comunicação.
O documento do Comitê apenas inclui jornalistas que abandonaram seus países por perseguições ou por seus trabalhos, que permaneceram no exílio por pelo menos três meses e que têm paradeiros e atividades atuais conhecidos. Não são incluídos casos de jornalistas que deixaram seus países por oportunidades profissionais ou financeiras, que mudaram em consequência da violência geral ou os que foram alvos por atividades que não o jornalismo, como a política. O comitê utilizou apenas casos documentados pelo CPJ, que servem de base para delinear tendências globais. "Outras organizações, utilizando um critério diferente, citam um número maior de jornalistas no exílio", indica o CPJ.