A Coreia do Norte pediu a embaixadas em Pyongyang que queiram retirar seu pessoal em caso de guerra para apresentar planos até 10 de abril, disse a Grã-Bretanha nesta sexta-feira, em mais um capítulo da guerra de palavras por parte do Norte que fez subir a tensão na península coreana.
Os relatos iniciais do Ministério das Relações Exteriores da Rússia e da agência de notícias oficial da China, Xinhua, sugeriram que a Coreia do Norte havia sugerido às embaixadas que considerassem o fechamento devido ao risco de conflito.
O pedido veio em meio a uma escalada militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul, após os avisos da Coreia do Norte de que a guerra era inevitável por causa das sanções impostas pela ONU após um teste nuclear e o que chama de movimentações "hostis" de tropas dos EUA com a Coreia do Sul.
"Acreditamos que eles deram esse passo como parte de sua contínua retórica de que os EUA representam uma ameaça para eles", disse o Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha em comunicado, após os relatos da Rússia e da China.
Uma autoridade diplomática britânica, que falou sob condição de anonimato, disse que as embaixadas da União Europeia em Pyongyang tinham sido convocadas a entregar os seus planos de retirada de pessoal.
Nos termos da Convenção de Viena, que rege as missões diplomáticas, os governos anfitriões devem facilitar a saída do pessoal de embaixadas em caso de conflito.
O Brasil abriu sua embaixada em Pyongyang em maio de 2009.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a Coreia do Norte "propôs que o lado russo considerasse a retirada de funcionários em situação cada vez mais tensa", de acordo com Denis Samsonov, um porta-voz da embaixada em Pyongyang.
Uma reportagem da agência de notícias estatal chinesa Xinhua repercutiu o relatório russo, dizendo que Pyongyang pediu a embaixadas que considerem a retirada caso a situação se deteriore.
A Coreia do Norte, governada por Kim Jong-un, de 30 anos, não emitiu qualquer declaração indicando qual dos relatos conflitantes era verdade.
Na sexta-feira, a mídia sul-coreana informou que a Coreia do Norte colocou dois de seus mísseis de médio alcance em lançadores móveis e os esconderam na costa leste do país, em um movimento que pode ameaçar o Japão ou bases dos EUA no Pacífico.
A informação não pôde ser confirmada. Mas qualquer movimento poderá ser destinado a demonstrar que o Norte, com raiva devido a exercícios militares conjuntos dos EUA e Coreia do Sul, bem como as sanções para o seu terceiro teste nuclear, está preparado para demonstrar sua capacidade de fazer um ataque.
Fidel
O ex-líder cubano Fidel Castro advertiu a Coreia do Norte contra a guerra nesta sexta-feira e descreveu as atuais tensões na península coreana como um dos "riscos graves" para o holocausto nuclear desde a crise dos mísseis em Cuba, em 1962.
Dizendo que ele falava como um amigo, Fidel escreveu na mídia estatal cubana que a Coreia do Norte, liderada por Kim Jong-un, de 30 anos, tinha mostrado ao mundo a sua capacidade técnica e agora era a hora de lembrar os seus deveres para com os outros.
A Coreia do Norte, que juntamente com Cuba é um dos últimos países comunistas do mundo, vem elevando a pressão ao declarar guerra à vizinha Coreia do Sul e ameaçando encenar um ataque nuclear contra os Estados Unidos.
Poucos observadores acreditam que a nação vai realmente atacar, mas Castro tornou-se um defensor antinuclear nos últimos anos.
"A República Popular Democrática da Coreia foi sempre cordial com Cuba, como Cuba sempre foi e continuará a ser com ela", escreveu Fidel, usando um tom quase paternalista.
"Agora que demonstrou seus avanços técnicos e científicos, nós a lembramos de seus deveres para com os outros países que foram grandes amigos e que não seria justo esquecer que essa guerra afetaria de modo especial mais de 70 por cento da população do mundo", disse o ex-líder de 86 anos, que transformou a Cuba em comunista depois de tomar o poder na revolução de 1959.
Castro chamou a presente situação na península coreana de "incrível e absurda", mas disse que "tem a ver com um dos mais graves riscos de uma guerra nuclear desde a Crise de Outubro (Crise dos Mísseis de Cuba), 50 anos atrás".
Ele liderou Cuba no confronto de outubro de 1962, quando os Estados Unidos e a União Soviética quase entraram em guerra sobre a colocação de mísseis nucleares soviéticos na ilha, a 144 quilômetros ao sul da Flórida.