Os europeus fracassaram em sua tentativa de fazer com que o Conselho de Segurança das Nações Unidas emitisse uma declaração condenando a violência do regime sírio contra os manifestantes antigovernamentais.
Um rascunho de declaração apresentado pelos quatro países europeus no órgão – França, Reino Unido, Alemanha e Portugal – não encontrou respaldo nesta quarta-feira (27/04) em Nova York.
Com a declaração, buscava-se condenar a violência contra manifestantes pacíficos, pedir o fim imediato da repressão do governo e iniciar uma investigação independente dos recentes acontecimentos no país. Segundo ativistas de direitos humanos, cerca de 400 pessoas já morreram devido à ação das forças de segurança na repressão aos protestos contrários ao regime.
A oposição à proposta europeia veio principalmente dos embaixadores da Rússia e da China na ONU, que afirmaram que a situação na Síria não pode ser considerada uma ameaça à paz e à segurança internacional. Por isso, descartaram uma declaração condenando a Síria e também uma investigação independente da situação no país. A Rússia alertou que uma interferência externa poderia iniciar uma guerra civil na Síria. Também o Líbano foi contra a proposta europeia.
Repercussão
O embaixador da Síria na ONU, Bashir Jaafari, saudou o fracasso da iniciativa europeia, por ele descrita como "propaganda".
O ministro francês do Exterior, Alain Juppé, disse em Paris que a França apoia uma declaração condenando o regime sírio, bem como a possibilidade de sanções a serem impostas pela União Europeia. O embaixador da França na ONU, Gerard Araud, anunciou que o país vai agora procurar outros meios para aumentar a pressão sobre o regime sírio caso este não reveja sua posição.
O embaixador da Alemanha no grêmio, Peter Wittig, disse que a Alemanha apoiará "medidas adequadas" contra o regime sírio.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse ao Conselho que Washington condena fortemente a repressão aos manifestantes sírios e que um amplo leque de sanções está sendo debatido. Os EUA também apoiam a ideia de que o Conselho de Direitos Humanos em Genebra investigue as mortes na Síria.
Violência contra os manifestantes
O Conselho de Segurança recebeu um informe do secretário-geral adjunto da ONU, Lynn Pascoe, sobre os recentes acontecimentos na Síria. Pascoe disse que as informações provêm de diversas fontes, incluindo a imprensa, sites da internet síria e grupos de direitos humanos e de oposição ao regime sírio.
Segundo ele, há acusações de que o governo do presidente Bashar al-Assad deteve e torturou manifestantes, prendeu jornalistas e usou tanques e munição contra os manifestantes. Citando informações de várias fontes, Pascoe disse que entre 350 e 400 manifestantes foram mortos pelas forças de segurança da Síria.
AS/dpa/afp
Revisão: Rodrigo Rimon