O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou ontem que desmantelará a principal agência de inteligência do país. Agentes do polêmico Departamento Administrativo de Segurança, mais conhecido por sua sigla, "DAS", haviam se envolvido nos últimos anos em vários escândalos de escutas clandestinas e apoio a forças paramilitares acusadas de graves violação dos direitos humanos.
A maioria dos cerca de 6 mil funcionários da agência será realocada em outras instituições do Estado. Santos já tinha indicado que planejava criar um novo escritório de inteligência, cujos detalhes serão revelados nos próximos dias.
A Justiça colombiana vinha travando uma dura batalha contra agentes do DAS acusados de espionar críticos do ex-presidente Álvaro Uribe – incluindo jornalistas, juízes e ativistas de direitos humanos. No mês passado, o primeiro chefe da agência no governo Uribe, Jorge Noguera, foi condenado pelo assassinato de um professor universitário em 2004. Sua sucessora, Maria del Pilar Hurtado, obteve asilo no Panamá – com ajuda do ex-presidente colombiano – para escapar de uma investigação sobre espionagem de rivais políticos do governo.
A denúncia de que espiões do DAS tinham montado uma rede clandestina foi feita em 2009 pela revista Semana. Desde então, 20 agentes do departamento foram presos e dezenas ainda estão sendo investigados.
Ontem, Santos tentou preservar a imagem da agência. "Muitas pessoas do DAS foram estigmatizadas – de forma injusta, eu diria. Tantos cidadãos de bem não podem pagar por uns poucos pecadores", disse o presidente, ao lado do atual diretor do escritório, Felipe Muñoz. Mais de 90% dos funcionários do DAS continuarão no serviço público, disse Muñoz. O departamento fechará as portas em 31 de dezembro.