Vinte e dois anos após a sangrenta repressão a protestos pró-democracia na China, pelo menos cinco pessoas continuam presas por tomarem parte da manifestação.
Para o Partido Comunista chinês, as manifestações de 1989 que congestionaram a Praça da Paz Celestial, em Pequim, e se espalharam por outras cidades continua um tabu, ainda mais este ano, quando o governo lançou uma campanha para sufocar a dissidência após os levantes em diversos países árabes.
O aniversário da supressão do movimento estudantil cai no sábado, e três homens que se juntaram aos protestos, Jiang Yaqun, de 75 anos, Miao Deshun, de 48, e Yang Pu, de 47, permanecem na prisão de Yanqing, em Pequim, onde detentos doentes são mantidos.
Dois outros – Chang Jingqiang, 43 anos, e Li Yujun, 48 – estão detidos em outra prisão da capital.
Eles estavam entre o milhão de estudantes e trabalhadores que se reuniram nas ruas de Pequim em 1989 para se somar às manifestações pró-democracia, que terminaram antes da manhã de 4 de junho quando tanques entraram na Praça da Paz Celestial.
Jiang e Miao estão presos há um tempo incomumente longo, disse Joshua Rosenzweig, pesquisador sediado em Hong Kong da Fundação Dui Hua, grupo dos EUA que trabalho para a libertação de prisioneiros políticos chineses.
Tendo recebido sentenças de morte suspensas, mais tarde comutadas para prisão perpétua antes de se tornarem penas de aproximadamente 20 anos, Jiang deve ser libertado em outubro de 2013, enquanto a sentença de Miao deve terminar em setembro de 2018, de acordo com a Dui Hua.
Jiang, que foi condenado sob a acusação de "sabotagem contrarrevolucionária", sofre de um leve retardo mental, segundo ex-prisioneiros que estiveram detidos com ele.
"Ele não teve nenhum contato com qualquer parente quando estava na prisão", disse Zhang Baoqun, de 45 anos, preso durante quase 14 anos por participar dos protestos. Eles passavam os dias fabricando roupas e luvas de lã. Os prisioneiros eram espancados pelos guardas frequentemente, disse ele.
Miao foi condenado por "incêndio criminoso". Tanques e ônibus levando tropas foram incendiados quando moradores de Pequim tomaram as ruas para tentar bloquear o avanço dos soldados.
"Ele era muito teimoso, e por isso não obteve redução da pena", disse o ex-detento Sun Liyong, que conheceu Miao em seus tempos juntos nas prisões 1 e 2 de Pequim. "Ele vivia dizendo que não tinha culpa de nada."
(Reportagem adicional de Ben Blanchard)