China e Japão voltaram a trocar farpas nesta sexta-feira devido a manobras militares nos arredores de ilhas disputadas pelos dois países, aumentando a tensão que há meses domina as relações entre as duas maiores economias asiáticas.
No final de janeiro, o Japão acusou uma embarcação militar chinesa de direcionar seu radar para um navio da Marinha japonesa no mar do Leste da China. Em sua primeira declaração sobre o caso, o ministério da Defesa de Pequim rejeitou a queixa, dizendo que a "causa de raiz" da tensão está na forma intrusiva como o Japão monitora as embarcações chinesas.
Mas um funcionário japonês rejeitou essa explicação, dizendo que as ações chinesas podem ser perigosas no entorno das ilhas, conhecidas como Diaoyu pela China, e como Senkaku pelo Japão, e supostamente ricas em gás e petróleo.
Em nota divulgada na noite de quinta-feira, o ministério chinês disse que a queixa japonesa "não se encaixa nos fatos", e que o navio chinês, realizando exercícios de rotina, não fez mira para disparar no destroier japonês.
De acordo com a nota, o Japão "fez comentários irresponsáveis que exageraram a chamada ameaça chinesa, criaram tensão imprudentemente e induziram a opinião pública mundial ao erro".
"Os navios de guerra e aviões japoneses têm com frequência conduzido longos períodos de monitoramento a curta distância e vigilância de navios e aviões da China", disse o ministério. "Essa é a causa de raiz das questões de segurança aéreas e marítimas entre China e Japão."
Em Tóquio, o chefe de gabinete do governo, Yoshihide Suga, disse em entrevista coletiva que seu país não poderia aceitar a explicação chinesa, e que a acusação japonesa foi feita após uma cuidadosa análise.
"Pedimos à China que adote medidas sinceras para evitar ações perigosas que possam causar uma situação de contingência."
O ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodrea, disse nesta semana que o incidente do radar poderia ter se tornado muito perigoso rapidamente, e poderia ser visto como uma ameaça de uso da força militar conforme as regras da ONU.
Também na quinta-feira, o Japão se viu às voltas com outro problema fronteiriço, por causa do que teria sido uma rápida incursão em seu espaço aéreo de dois caças russos nos arredores de ilhas disputadas há décadas entre Tóquio e Moscou, no extremo norte do arquipélago japonês. O Japão mobilizou aviões de combate por causa da suposta ameaça, mas a Rússia negou ter feito a invasão.
(Reportagem adicional de Linda Sieg, em Tóquio, e Joathan Thatcher, em Jacarta)