O presidente da China, Xi Jinping, não participará de uma suposta cúpula com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, mesmo com todos os esforços por parte do governo japonês para retomar as relações entre os países.
Essa informação, divulgada nesta terça-feira pela imprensa oficial chinesa, contraria as declarações de Isao Iijima, um enviado especial de Abe que foi à China e, na ocasião, chegou a afirmar que esse encontro não seria realizado em "um futuro muito distante", afirmação qualificada hoje com um "slogan vazio" pelas autoridades chinesas.
"O que Iijima disse à imprensa é falso e fabricado, já que se baseia nas necessidades internas da política japonesa", assinalou um alto cargo governamental chinês ao oficial "China Daily", que, por questões de segurança, preferiu não revelar sua identidade.
Além dessas declarações da fonte citada, o Ministério das Relações Exteriores da China emitiu um comunicado oficial que também desautorizava Iijima, assinalando que "nenhum membro do governo chinês teve contatos com ele durante sua visita à China", realizada em meados de julho.
"O Japão deveria deixar de usar slogans vazios e falar de diálogo para tentar buscar soluções aos desacordos", assinalou Hong Lei, porta-voz da Chancelaria chinesa.
Há quase um ano, China e Japão mantêm tensões evidentes por causa do conflito pelas desabitadas ilhas Diaoyu (chamadas Senkaku pelos japoneses), administradas por Tóquio, mas que Pequim reivindica como suas, argumentando que foram ocupadas ilegalmente no final do século XIX.
Apesar do conflito por estas ilhas – e o leito das águas adjacentes, rico em hidrocarbonetos – ser antigo, a situação piorou em setembro de 2012, quando os japoneses decidiram nacionalizar três das cinco ilhotas das Diaoyu/Senkaku.
Por conta deste fato, o Japão ficou notoriamente de fora da agenda das primeiras viagens internacionais de Xi, nomeado em março de 2012. Por outro lado, o conflito com a China, principal parceira comercial do Japão, se tornou uma grande dor de cabeça para política externa de Abe.
Antes das declarações que vieram à tona hoje, a imprensa japonesa falava sobre a possibilidade de Abe e Xi celebrarem um encontro bilateral paralelo à cúpula do G20, prevista para ocorrer no próximo mês de setembro em São Petersburgo (Rússia).
Mesmo com a postura fechada do governo chinês, outro enviado do Japão, o vice-ministro de Relações Exteriores Akitaka Saiki, se encontra no país vizinho com o objetivo de reduzir as tensões e pressionar para que essa cúpula bilateral finalmente venha a ocorrer.
Durante sua estadia em Pequim, Saiki deve se reunir com o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Zhang Yesui.