A China não deu nenhuma indicação nesta quarta-feira de ceder ao pedido dos Estados Unidos de corte dos rendimentos do Irã com petróleo e rejeitou como excessivas as sanções norte-americanas, mesmo com a presença do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em Pequim, para pleitear o apoio chinês.
Geithner se reuniu nesta quarta-feira com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e na semana que vem fará uma visita à Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, cuja oferta será crucial para que a China possa deixar de comprar o produto do Irã.
Os EUA impuseram em 31 de dezembro sanções a instituições financeiras que tenham negócios com o Banco Central iraniano, por onde tramitam pagamentos de exportações petrolíferas. As medidas decorrem da desconfiança norte-americana de que o Irã estaria tentando desenvolver armas nucleares – o que o governo iraniano nega.
"Quanto ao crescimento econômico, estabilidade financeira no mundo, não-proliferação nuclear, nós temos o que consideramos ser um relacionamento muito forte e cooperativo com seu governo e pretendemos ampliar isso", disse Geithner ao vice-presidente chinês, Xi Jinping, no início do dia.
Na reunião com Xi Jinping, cotado para ser o próximo chefe de Estado da China, Geithner enfatizou a necessidade de cooperação econômica e estratégica entre Pequim e Washington.
"A respeito do crescimento econômico, da estabilidade financeira no mundo todo e da não-proliferação, temos o que consideramos ser uma fortíssima relação de cooperação com o seu governo, e estamos interessados em ampliar isso", disse o secretário a um sorridente Xi.
A China já apoiou quatro rodadas de sanções da ONU contra o Irã, mas se empenha em evitar medidas que afetem o setor energético iraniano. O país tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e critica os EUA e a União Europeia por adotarem sanções unilaterais adicionais.
A UE também deve adotar um embargo ao petróleo iraniano, mas China, Japão e Índia, os três maiores clientes do Irã, dificilmente aceitarão isso. Depois da visita a Pequim, Geithner segue para Tóquio.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin, repetiu a posição habitual do país a respeito do Irã.
"A China é um grande país em desenvolvimento, e tem uma razoável demanda por energia (…), uma cooperação energética normal e transparente com o Irã, e isso não viola as resoluções do Conselho de Segurança. Não é razoável que um país imponha suas leis internas para predominarem como lei internacional, e exija que outros países as cumpram. Então, a China acredita que a cooperação energética e a demanda razoável não têm relação com a questão nuclear do Irã, e não devem ser afetadas."
A China é o maior cliente do petróleo iraniano, recebendo cerca de um quinto do total, mas já reduziu suas compras para janeiro e fevereiro por causa de uma disputa envolvendo preços.
(Reportagem adicional de Chris Buckley)