O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não é visto em público (nem ouvido) desde que voltou da última sessão de tratamento em Cuba, há uma semana, mas está bem o suficiente para monitorar uma rebelião prisional em Caracas, disse um aliado na sexta-feira. O sumiço de Chávez de eventos público tem ocorrido com mais frequência este ano. Isso tem alimentado especulações sobre uma possível piora em seu estado de saúde e pode complicar a tentativa de reeleição em outubro.
Os aliados dentro do Partido Socialista (do governo), entretanto, insistem que Chávez, 57 anos, continua no comando dos assuntos do governo, está se recuperando e não prepara uma sucessão. "O comandante tem estado em comunicação constante conosco, ele liga o tempo inteiro", disse Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional e líder do Partido Socialista, a jornalistas diante da prisão La Planta, em Caracas, onde soldados reprimiram uma rebelião na quinta-feira. "O presidente tem acompanhado o que acontece aqui…Ele está constantemente de olho na VTV (transmissora estatal), verificando o que acontece."
Chávez foi visto em público apenas duas vezes desde meados de abril. Isso inclui a aparição de meia hora da sexta-feira passada, quando ele voltou de Cuba depois de completar sessões de radioterapia para o tratamento de um câncer. Apesar dos rumores de que estava em uma cadeira de rodas, Chávez desceu a escada do avião sem ajuda e depois inspecionou os militares da guarda de honra. Ele falou com voz firme e até cantou uma canção em homenagem às mães venezuelanas.
Ordens médicas
Desde então, Chávez voltou a permanecer no palácio presidencial, supostamente sob rigorosas ordens médicas. Mesmo no Twitter, onde normalmente é prolífico e tem quase 3 milhões de seguidores, Chávez se mantém em silêncio desde que enviou os parabéns pelo Dia das Mães e comemorou a vitória de um piloto venezuelano na Fórmula 1.
O discurso oficial é de que ele se recupera de um tratamento difícil e que em breve lançará sua campanha para a eleição do dia 7 de outubro, onde terá como rival o governador estadual Henrique Capriles. "Chávez disse estar ?completamente curado" no fim de 2011. Assim, muitos venezuelanos mostram ceticismo com relação ao seu estado, especialmente com a série de rumores e vazamentos veiculados na mídia pró-oposição citando fontes médicas.
Com os detalhes sobre sua saúde tratados como segredo de estado, tudo que se sabe oficialmente é de que Chávez foi submetido a três cirurgias e teve dois tumores malignos retirados da região pélvica. O segundo foi removido depois do que ele chamou de recorrência do câncer este ano. As implicações de um agravamento na saúde dele são enormes a menos de cinco meses da eleição, quando Chávez pretende estender seu governo de 13 anos no país que é membro da Opep.
A região observa o caso de perto, principalmente Cuba, que depende do petróleo subsidiado da Venezuela para manter sua economia. O governo do presidente Barack Obama nos EUA tem permanecido em silêncio sobre Chávez, mas está muito interessado no destino do homem que tem sido o principal crítico de Washington na região, mesmo mantendo as exportações de petróleo para o norte.