O presidente, que está em tratamento contra um câncer identificado durante viagem a Cuba, negou que sua prolongada ausência tenha desatado disputas internas de poder entre seus colaboradores.
“Disseram que há divisão no governo, disputas (…); pois ratifico (o vice-presidente) Elias Jaua (…) e estendo o tempo de serviço, ilimitado, a todos (do gabinete)”, disse o presidente venezuelano em reunião de conselho de ministros, transmitida pela TV estatal. “Todos (os ministros) estão ratificados por tempo prolongado”, acrescentou.
A imprensa venezuelana ventilou que Chávez poderia mudar a cúpula militar e substituir Jaua, visto como representante do núcleo de esquerda do governo. O vice-presidente esteve à frente do governo durante quase um mês, período em que Chávez permaneceu em tratamento em Cuba.
Centralizador
Espera-se que Chávez, conhecido por seu estilo centralizador de governar, comece a delegar a seus colaboradores novas tarefas, para poder seguir seu tratamento de combate ao câncer – as recomendações médicas incluem medicamentos, boa alimentação e descanso.
O líder venezuelano, que ao retornar à Venezuela prometera descansar e seguir o rigoroso tratamento médico, discursou por mais de uma hora nesta quinta-feira.
Recuperando o habitual discurso polarizador, Chávez disse que, nesta nova etapa do governo, assim como no passado, “não haverá pacto com a burguesia” e que é tempo de “acelerar o processo de transformação”.
O líder venezuelano voltou a acusar seus adversários de manter vínculos com o governo dos Estados Unidos e disse que, mesmo com sua doença, eles não voltarão a retomar o poder no país.
Em cada nova fala pública, Chávez tem revelado novos detalhes de sua doença. Admitiu que os sintomas vinham se manifestando há tempos. “Um dia, saindo para um ato com Elias (Jaua), me deu uma dor que me joguei no chão (…). Aí disse que era por causa do joelho, tentando disfarçar (o mal-estar).”
Mais cedo, em discurso para cadetes do Exército, Chávez disse estar enfrentando uma “emboscada” que ameaça sua saúde.
Oposição
Na quarta-feira, o governador opositor do Estado de Miranda, Capriles Radonski, colocou em dúvida que Chávez esteja realmente doente e disse que a agenda anti-chavista, que prevê eleições primárias para definir o candidato da oposição às eleições presidenciais de 2012, não mudará, apesar do estado de saúde do presidente.
“É provável que o presidente tenha tido um problema de saúde, que tenha sido operado, agora que isso mude as primárias (…). Para mim a estratégia continua sendo a mesma”, disse Radonski, que é visto como favorito para representar a oposição nas eleições presidenciais de 2012.
Chávez mostrou irritação com as dúvidas lançadas sobre sua doença e disse que os críticos são “loucos”.
O governo afirma que Chávez continua sendo “o candidato da revolução” para o pleito de 2012. No entanto, diante de seu estado de saúde, ainda há dúvidas quanto a se o presidente terá capacidade de enfrentar a campanha e, se sair vitorioso, de governar por mais seis anos.
No dia 30 de junho, Chávez admitiu que foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor cancerígeno na região pélvica, mas até agora não se sabe publicamente qual a localização e a gravidade do tumor.